Alvorada de esperança

Uma médica, na unidade em que atende, observou o alarme de alguns servidores da saúde logo que teve início a pandemia do Covid-19. Sua unidade foi designada para atender exclusivamente os quadros respiratórios e nesses, incluídos, os casos da gripe. Alguns trabalhadores, embora firmes no serviço, encontravam-se aflitos, diante da incerteza e da possibilidade de suas próprias vidas terrenas cessarem, caso contraíssem a doença.

Essa médica, muito serena, apesar de seus sessenta anos, não pediu afastamento do trabalho. Alguns servidores, que gostam muito dela, foram falar-lhe, dizendo que ela poderia usar da prerrogativa de sua idade, que é de risco, para se afastar enquanto perdurar a pandemia, como alguns já fizeram. Ela, tranquilamente, disse que nasceu para servir ao próximo e que se aprouvesse a Deus que ela partisse trabalhando no bem e servindo a Jesus e ao amor fraterno, isso seria uma honra e uma glória! Essa postura acalmou a todos os outros. Ela poderia afastar-se pela idade, mas estava ali, junto deles, transmitindo a certeza da imortalidade da alma e a fé em Deus.

A fé em Deus e a certeza de um porvir imortal no mundo espiritual fazem a diferença, não importa qual seja a religião. Inumeráveis trabalhadores do bem estão surgindo, como cascatas de luz de Jesus, na Terra. Trabalhadores do amor, servindo até o sacrifício, nessa hora em que a dor impera e muitos se afligem. Essa médica é apenas um desses trabalhadores anônimos no mundo, mas conhecidos por Jesus. Estamos vendo muitos voluntários. Há poucos dias, conversamos com uma enfermeira, idosa, mais de sessenta anos. Morava em São Paulo, aposentou-se lá, mas voltou à ativa agora, para ajudar.

Nosso trabalho voluntário no Centro espírita que frequentamos prossegue, fazendo doação de 80 sacolas de mantimentos, como arroz, feijão, macarrão, açúcar, óleo, frutas e verduras, semanalmente. Agora, para evitar aglomerações, levando às casas dos assistidos e entregando-as uma a uma. Nunca tivemos tanto auxílio como agora. Pessoas doando de vários lugares, interessadas em ajudar. Cada semana aparecem mais necessitados e cada semana, mais doadores surgem. Trabalhos assim são comuns nos centros espíritas e, nessa hora, perseveram, pois as mãos necessitam manter-se estendidas, agora ainda mais. A fraternidade se expande.

Em Belo Horizonte, Minas Gerais, um amigo querido nos comunicou pelo WhatsApp que tinha feito junto com a esposa 5 marmitas de comida e levado para os mendigos na rua. Depois, subiram para quinze marmitas. O pessoal da família ficou sabendo e perguntou como fazer para doar dinheiro para ele e a esposa fazerem mais. Parece minúsculo esse trabalho, mas é belíssimo, considerando que ele e a esposa não eram afeitos a essa tarefa, começaram agora, vendo os sofrimentos que estão atingindo a tantos.

Estamos vendo relatos de pessoas corajosas, estendendo as mãos amorosas em todos os lugares. Marmitas para caminhoneiros, que estavam viajando e restaurantes fechados, nas estradas. Roupas e agasalhos.

Uma auxiliar de saúde pediu ajuda para uma cesta básica para uma senhora e seu filho pequeno. A médica do local foi até a casa dessa mulher e descreveu a situação. Que ela precisava de geladeira. Precisava de uma mesa, também ... Quem poderia doar, ali no grupo?

O amor está crescendo. Os espíritos desencarnados que ainda não conseguem amar, estão pasmos. Comparecem às reuniões mediúnicas cobrando dos médiuns do porquê estarem lá, porque não os obedeceram, ficando em casa, questionando o que está acontecendo que perdem incessantemente terreno para o Cristo e agora, mais que nunca, pois, com todos orando, não conseguem mais entrar nas casas dos encarnados.

A humanidade está orando e aprendendo a servir no bem. Uma vez começado o serviço do amor ao próximo, aquele que o vivencia não para mais, pois descobre que fazer o bem traz imensa alegria. Persevera.

Dentro desse contexto em que estamos, vale a pena lembrar, de O Evangelho segundo o Espiritismo, pelo Espírito de Verdade, um trecho muito belo do capítulo XX, intitulado “Os obreiros do Senhor”. Ei-lo:

Atingistes o tempo do cumprimento das coisa, anunciado para a transformação da humanidade. Felizes serão aqueles que tiverem trabalhado na seara do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel senão a caridade! Suas jornadas de trabalho serão pagas ao cêntuplo do que terão esperado. Felizes aqueles que terão dito aos seus irmãos: “Irmãos, trabalhemos juntos, e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor encontre a obra pronta à sua chegada”, porque o Senhor lhes dirá “Vinde a mim, vós, que sois bons servidores, que calastes os vossos ciúmes e as vossas discórdias para não deixar a obra prejudicada”.

Convidamos o leitor a ler esse texto na totalidade, no Evangelho. Felizes, sim, aqueles que agem no bem e aproveitam o conhecimento espírita para ajudarem a si mesmos, melhorando-se e tornando-se verdadeiros cristãos!

A esperança nos atinge o âmago, quando vemos o bem se alastrando no planeta. Verdadeiramente, o amor é o caminho para a humanidade! Jesus está no leme da embarcação terrena e um mundo melhor virá. Não sabemos quando virá, mas estamos a caminho. A regeneração se aproxima. A dor dessa doença Covid-19 preparou a muitos trabalhadores para surgirem na hora propícia, de modo que do mal redunda um bem. Um mundo melhor há de vir, se aproveitarmos esse momento para crescermos no amor.



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