Chico Xavier, drogas afetam o físico e o perispírito? - Arnaldo Camargo

Quando se refere ao assunto dos danos neurobiológicos que as drogas causam, uma das mais importantes pesquisadoras sobre drogas no mundo, Nora Volkow, de nacionalidade mexicana e residente nos Estados Unidos, afirma que não há droga segura – todas vão causar danos, é questão de tempo.

Mas o uso das drogas também lesa o corpo espiritual, o perispírito?

Sim, considerando-se a questão do intervalo para a colheita, que nem sempre é imediata, as lesões vão aparecer no transcorrer do tempo, seja aqui na Terra, com o indivíduo ainda encarnado, seja desencarnado, ou na próxima existência. A lei é justa e soberana na vida, semeou vai colher, nos dizeres de Jesus: “A cada um segundo suas obras”. Com a condição de que o amor pode atenuar nossas contas.

O Espiritismo veio confirmar as leis divinas materiais e também as espirituais. O homem sendo composto de três partes (espírito, perispírito e corpo físico), este último funciona como uma esponja do seu modelador (o perispírito).

No movimento espírita, vemos alguns defendendo bandeiras esquisitas, como defender abertamente o uso do álcool, inclusive como campanha para arrecadação de recursos para obras sociais. Desconsidera-se, neste caso, um dos princípios da lei de atração – os afins se atraem, unindo seu corpo perispiritual ao perispírito do viciado desencarnado, não apenas do alcoolista, como do tabagista e dos usuários de outras drogas, lícitas ou ilícitas.

O médium Chico Xavier afirma que o abuso com drogas lesa o veículo espiritual e recebeu uma belíssima mensagem de Irmão X falando do treinamento para a morte, onde relata os sofrimentos das diversas dependências, inclusive do álcool e das drogas, com suas consequências na vida espiritual.

O perispírito sofre essas repercussões do uso e abuso do álcool e outras drogas, registrando e expurgando no futuro, com dor, no seu aperfeiçoamento.

Os vícios, os abusos e as más ações vão dando, ao corpo espiritual, forma grosseira e opaca, “acorrentando-o” à primeira esfera espiritual (ou umbral), por sua própria materialidade, condenando o espírito a ficar encerrado nas baixas regiões do nosso planeta.

O filósofo francês Léon Denis afirma que “cada pensamento ruim, cada ato criminoso, cada hábito pernicioso provocam uma contração no ser psíquico, condensando o corpo espiritual, entenebrecendo-o e carregando-o de fluidos grosseiros”.

No livro Sexo e destino (1), psicografado pelo médium Chico Xavier, vamos encontrar um caso muito curioso. Dois desencarnados moram numa casa e acompanham o proprietário, Cláudio, que é um contumaz usuário de álcool. Além da indução ao vício, ainda o induzem a uma perversão sexual com a filha. Os dois habitantes do Além são almas que deixaram o corpo e não deixaram a sede do alcoolismo, locupletando suas vontades de perispírito a perispírito do encarnado.

Pelo mesmo médium no livro Obreiros da vida eterna (2), jornadeando nas zonas inferiores em socorro a um ex-padre, André Luiz relata o sofrimento de um espírito que cometeu abusos e sofreu no perispírito e na consciência a sua desdita: “Dedicava-me à consolação, mas fugia à responsabilidade! A morte atirou-me aqui, onde tenho sofrido bastante as consequências do meu relaxamento espiritual! Socorrei-me, por Jesus!”.

A espiritualidade não deixa de atender o encarnado, desde que este faça bom uso das bênçãos, e neste caso o médico espiritual Calderaro recebeu a notícia de que o atendido (Antídio) já tinha recebido dez auxílios; diante disso, determina que ele teria de amargar o sofrimento no hospital, para despertar de sua inconsequente embriaguez: “A cena infundia angústia e assombro. Estaríamos diante de um homem embriagado ou de uma taça viva, cujo conteúdo sorviam gênios satânicos do vício? (...) Semidesligado do organismo denso pela atuação anestesiante do tóxico, passou a identificar-se mais intimamente com as entidades que o perseguiam. Os quatro infelizes desencarnados, a seu turno, tinham a mente invadida por visões terrificantes do sepulcro que haviam atravessado como dipsomaníacos”. (3)

Inácio Ferreira, trabalhando como psiquiatra, afirmava que as dependências químicas não desaparecem com a morte do corpo e levam o espírito a sofrer no Além e noutra vida: “o alcoolismo passa de uma encarnação para outra. (...) os vícios, como o álcool e os entorpecentes, são conservados pelo perispírito, sofrendo a intoxicação do seu ego, a intoxicação psíquica. (...) persistem, pois, o espírito não morre – continua a sua vida como repositório dos sentimentos, dos desejos”. (4)

 Allan Kardec afirma que morto o cão não cessa a raiva, da mesma forma podemos dizer que morto o corpo não cessa a vontade, não cessam as tendências viciosas do espírito. Para a redenção, só um trilho saudável: esforçar-se para a dilatação da consciência acerca das consequências dos hábitos negativos para o corpo material, o perispírito e o espírito, desde agora na matéria, bem como na existência espiritual: o esforço na educação da vontade.

Finalizamos nosso comentário com um apelo feito por um médico que na Terra fez experiências abusivas com o álcool e o tabaco e sofreu no Além as consequências em seu perispírito: “Oh! Amigos da Terra! Quantos de vós podereis evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorardes depois”. (5)

(1), (2) e (3) André Luiz (Chico Xavier) - Sexo e destino (cap. 6); Obreiros da vida eterna (cap. 8), No mundo maior (cap. 14) – Editora FEB.

(4) Psiquiatria em face da reencarnação – Editora FEESP.

(5) André Luiz (Chico Xavier) - Nosso Lar – FEB.


Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é editor da Editora EME



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