Despedidas

Foram muitas as dores que vimos passar desde que começou a pandemia. A tristeza atingiu uma grande parcela da humanidade. Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco, no livro Espírito e Vida, diz que devemos expulsar a melancolia da alma, essa hóspede teimosa que nos envolve no dossel de mil amarguras, segredando desânimo e desassossego. Comenta ela que longe de nossa dor há dores salmodiando sinfonias inarticuladas de resignação. Devemos esperar mais e ter bom ânimo.

A dor campeou em muitos corações. Ouvimos relatos de muitas separações, muitas despedidas. Pessoas que estavam internadas, casais, um numa UTI, outro em outra, um ficou e outro partiu, sem poderem dizer-se adeus. Mães relataram que ficaram e seus filhos amados se foram.

Joanna, já citada, no livro Oferenda relata que a mais pungente dor moral, pertinaz e profunda, é a que decorre da separação imposta pela morte física.

Sabemos, porém, que a separação é temporária. Nossos afetos estão apenas momentaneamente separados de nós, e poderemos reencontrá-los um dia. Essa esperança não mata a dor da saudade, mas nos reergue para a certeza do reencontro, pois eles vivem, seu amor não nos abandona e seus Espíritos nos enlaçam.

Maravilhoso sentir o abraço de um ser amado!

A certeza da vida imortal nos foi oferecida por Jesus, quando no terceiro dia de sua morte apareceu no sepulcro para Maria de Magdala, que, munida de flores e perfumes, queria envolver uma vez mais seu Mestre no seu carinho de ser agradecido, que ele ensinou a amar com a pureza do coração. “Vai, Maria, e diga a meus irmãos que sigo adiante deles para a Galileia.” A amada e bucólica Galileia, com seu céu claro, o lago do Tiberíades, árvores frondosas, bem diferente da aridez reinante em outras terras ao redor. A aridez dos corações recheados de dúvidas e temores antecipou o encontro lá. Houve por bem surgir no meio deles, na periferia de Jerusalém, na casa de Maria Marcos, onde se dera a última ceia, quando todas as portas e janelas encontravam-se fechadas. Era Jesus, que, cheio de beleza, se revelava aos seus atônitos e descrentes discípulos. Renovou-lhes a esperança, encheu-os de júbilo e de bom ânimo. A vida triunfou sobre a morte. A morte deixou de ser temida. A partir dali, tudo mudou. Compreenderam e, dando suas vidas, levaram a mensagem de amor de Jesus por onde passaram.

O Espiritismo é Jesus conosco. Das mãos luminosas de diversos médiuns do mundo vêm chegando mensagens do além, revelando a vida que continua. A certeza de que só deixamos o corpo de carne e nos munimos do corpo espiritual é um fato.

Compete a cada um exercitar a beleza dos ensinamentos de Jesus em seu íntimo, fazendo crescer a fé e a esperança.

Novembro é mês de recordarmos mais intensamente os que partiram, mas apenas oficialmente, pois todos os dias são de lembrança saudosa, quando amamos e já não podemos mais dispor de um abraço, exceto o espiritual.

Abrace muito aqueles que aqui estão! A despedida um dia ocorrerá! Viva o amor! Ame muito mais! 



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