Lauro Michielin

Foi em acidente de automóvel que o advogado e professor de sociologia Lauro Michielin (foto) desencarnou em São Paulo. O fato ocorreu em 24 de junho de 1976. Nascido em 1920, o confrade contava então apenas 56 anos.

Oriundo de família Católica, tendo estudado num Colégio Interno mantido por padres em Campinas, São Paulo, na sua adolescência, acabou por se tornar ateu, descrente dos dogmas religiosos que lhe foram impostos e com os quais ele não concordava, por lhe parecerem absurdos e irracionais. Desta forma, até conhecer o Espiritismo, Lauro Michielin cultivou o ateísmo,  pois não podia concordar com uma fé que não fosse raciocinada.

Foi na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco que ele veio a tomar seu primeiro contato com o fenômeno espírita e as manifestações da Vida Espiritual. Na pensão onde residia, ao apagar a luz do quarto para dormir, Lauro escutou algumas pancadas nos móveis do aposento e ficou a imaginar de onde elas provinham... Acendeu a luz e as pancadas cessaram. Seriam ratos? Feita a averiguação, nada encontrou. Apagou as luzes novamente e eis de volta as mesmas pancadas. Ocorreu-lhe então a suposição de que poderia ser um espírito... Forte pancada logo em seguida, parecendo confirmar sua hipótese, como se alguém estivesse lendo seu pensamento.

– Se for um espírito amigo, dê uma pancada; se for um espírito inimigo dê duas – pensou então Lauro Michielin.

Nova pancada única respondeu sua indagação de forma animadora. E ele prosseguiu naquele diálogo investigativo de forma extremamente limitada, com perguntas na base do sim (uma pancada) e do não (duas pancadas).

Lauro Michielin foi o idealizador do projeto arquitetônico e o primeiro presidente do Sanatório Espírita Antonio Luiz Sayão, um nosocômio para mais de 700 leitos, que veio a ser, quando inaugurado, um dos dez maiores Hospitais do Brasil, hoje renomeado para Clínica Sayão.

Para que possamos mensurar a grandeza do desafio que esse grupo de valentes idealistas enfrentou, é necessário entender que era preciso ter muita, mas muita coragem para defender o Espiritismo e seus ideais na década de 1950 (“coisa do diabo” para muitos), e isso custou a Lauro Michielin sua excomunhão em praça pública através de cerimônia realizada pelo cônego da Igreja Matriz de Araras (SP), sob o argumento de que tais campanhas estavam desviando recursos preciosos e importantes destinados à Igreja Católica.

Muitos anos depois, o mesmo cônego, já idoso e quase cego, esteve no velório de Lauro Michielin, acompanhado do padre que o substituiu. Pediu humildemente permissão para a viúva – Aparecida Crepscki Michielin – e lhe concedeu a extrema-unção.

Lauro Michielin foi ainda um dos elementos da equipe responsável pela criação do Anuário Espírita, um dos órgãos de divulgação de Espiritismo mais credenciados. O Anuário Espírita foi o ponto de partida para a criação do IDE (Instituto de Difusão Espírita de Araras), fundado em 1963.

Deixou-nos ele uma valiosa contribuição bibliográfica: Além das fronteiras do Mundo, Rumo ao Infinito, Palestina no Tempo de Jesus etc., obras editadas visando a auferir recursos para a construção do Sanatório Antonio Luiz Sayão.



Comentário

0 Comentários