Romeu de Campos Vergal

No cenário espiritual brasileiro, a figura marcante do professor Romeu de Campos Vergal merece uma referência especial, principalmente em vista de ter sido um propagador das obras de Allan Kardec. Deve-se a ele a oportunidade ímpar que os paulistas tiveram de verem ampliados novos ângulos da jovem Doutrina. Com eloquência e brilho, abordava as aflições que acometem os humanos e também a sempre momentosa questão da sobrevivência da alma em seu laborioso processo evolutivo. A magnífica oratória de Campos Vergal atraiu a admiração de muitos pensadores da época. 

Nascido no município de Serra Negra, Estado de São Paulo, no dia 2 de maio de 1903, era filho do coronel Constantino Vergal e de Mariana Ferraz de Campos Vergal. Iniciou seus estudos na cidade onde nasceu, e, em seguida, transferiu-se para São Paulo, onde completou seu aprimoramento, fazendo os cursos secundário, de admissão ao magistério e de jornalismo, tornando-se lídimo profissional dessas duas últimas categorias. Tornou-se ainda escrevente juramentado de cartório, tendo exercido essa atividade até a data de sua aposentadoria.

Campos Vergal contribuiu com inteligência privilegiada em favor das causas populares, firmando-se como figura respeitável e bastante acatada nos círculos políticos e nas altas rodas sociais. Homem de elevado aculturamento e dotado de apreciável grau de humildade, jamais deixou que as glórias do mundo ofuscassem seu desvelado amor pelos pequeninos e desajustados da Terra.

Ainda bastante jovem ingressou no Espiritismo após ter lido as obras de Allan Kardec e Léon Denis, tomando parte efetiva, no ano de 1936, na fundação da União da Mocidade Espírita de São Paulo. Nas décadas de 1930 a 1950 tornou-se um dos mais destacados e requisitados oradores espíritas, tendo a oportunidade de ocupar a tribuna de centenas de instituições espíritas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, tendo também participação ativa na fundação de muitas dessas entidades.

No campo da imprensa espírita fez sua estreia no ano de 1937, no tradicional órgão “A Aliança”, de São Paulo, dirigido pelo Prof. Sebastião Maggi da Fonseca. Militou nos quadros diretivos da União Federativa Espírita Paulista, tornando-se em 1941 o Diretor-Presidente da Sociedade de Rádio Piratininga, PRH-3, a qual lançava ao ar diariamente o “Programa Radiofônico Espírita Evangélico do Brasil”.

Foi deputado estadual (1935 a 1937) no Estado de São Paulo e deputado federal em várias legislaturas, no período de 1946 a 1970, tendo iniciado persistente trabalho com vistas às reformas sociais que se tornavam imprescindíveis na época. Pertenceu ao quadro do extinto Partido Socialista, porém, posteriormente, ingressou no Partido Social Progressista. Como representante desse Partido, exerceu a liderança na Câmara dos Deputados, no período de 1946 a 1950. Era portador de elevado número de títulos honoríficos e comendas. Foi membro honorário e era portador de diploma de honra ao mérito da Academia de Letras do Rio de Janeiro. Foi presidente do Banco Agroindustrial de São Paulo, patrono dos tesoureiros e auxiliares de tesoureiros da Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional de São Paulo. Foi o autor do conhecido Projeto Campos Vergal, que preconizava a instituição da Cadeira de Parapsicologia nas Universidades, com o objetivo de propiciar o estudo dos fenômenos extrassensoriais.

Dotado de infatigável disposição para o trabalho, dedicava-se integralmente a seus afazeres, com entusiasmo inusitado. A sua formação moral era das mais rígidas. Foi um político na verdadeira acepção da palavra, mantendo-se sempre dentro da mais estrita honestidade e probidade. Tanto na União Federativa como na extinta Rádio Piratininga, desenvolveu incessante campanha em prol da divulgação da Doutrina dos Espíritos, semeando em solo brasileiro as sementes do Evangelho de Jesus, à luz da Terceira Revelação, atuando ao lado de grandes vultos espíritas do passado, dentre eles Pedro de Camargo (Vinícius), Benedito Godoy Paiva, Antenor Ramos, Caetano Mero e outros.

De sua bibliografia destacamos: “Reencarnação ou Pluralidade das Existências”, “Levanta-te e Caminha” e “Bandeirantes da Imortalidade”, obras essas de cunho espírita, entretanto, foi também autor dos livros “Ubururetama” e “O Conde de La Rose”, ambos coletâneas de contos, o primeiro de fundo indianista e o segundo de caráter histórico. Enfatizava temas que versassem sobre a fé e a esperança, salientava a necessidade da prática do amor ao próximo e a importância da prática da caridade. Possuidor de notável poder persuasivo, conseguiu atrair muitos adeptos ao Espiritismo. Diversas Casas Assistenciais em São Paulo Minas Gerais e no Rio Grande do Sul têm o seu nome.

No ano de 1977, já bastante enfermo e quase sem poder locomover-se, tomou parte na solenidade comemorativa do 40º aniversário de fundação do “Centro Espírita Deus e Caridade”, de São Paulo, dando uma inequívoca demonstração do seu acendrado amor à Doutrina. O professor Romeu de Campos Vergal passou seus últimos anos de existência terrena entre seus livros, sempre ativo e interessado em tudo. Homem de grande cultura e dotado de apreciável grau de humildade, jamais deixou que as glórias do mundo ofuscassem o seu desvelado amor pelos pequenos e desditosos da Terra. Extraordinário seareiro, o professor Romeu de Campos Vergal foi um zeloso cultor da Doutrina codificada por Allan Kardec, que muito lhe deve, pelo seu incomparável esforço em favor da divulgação dos seus postulados em terras brasileiras. De todos os numerosos títulos que recebeu em vida, o que mais prezava era: de espírita cristão, pois ele considerava o Espiritismo como autêntica mensagem do Céu à Terra uma doutrina dinâmica, suscetível de equacionar os milenares e angustiantes problemas que assolam a humanidade. O seu gesto teve elevada repercussão entre todos os participantes da reunião, que tiveram a oportunidade de ouvi-lo. Até a sua desencarnação, no dia 23 de julho de 1980, em Serra Negra, sua cidade natal, Campos Vergal desempenhou com muita dificuldade, mas de modo eficiente, a sua grandiosa tarefa missionária.

Fonte: Maria Ap. Romano, do jornal O Semeador.



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