Vamos relaxar, é primavera em Londres, e as raposas estão felizes

Sempre acho interessantes os diálogos iniciados entre os britânicos, mais especificamente os ingleses, povo do país onde eu resido – a amada Inglaterra. “Wonderful weather” ou “terrible weather”. E assim começa a conversa. Se o dia está lindo, se o tempo está bom, ou chovendo, é o assunto inicial sempre.

Estes dias têm sido de muito sol. O sol é tão, tão brilhante no hemisfério norte, onde se situa nossa ilha, no meio das ilhas britânicas. Na primavera, que é a estação que aqui começou dia 1º de março, passamos abril, e vai até o final de maio, temos um sol brilhante, não quente, com vento ainda geladinho. Mas a paisagem tão linda, as flores começam a desabrochar, e as primeiras rosas, já as colhi nas fotos que tirei daqui de baixo da minha janela, no jardim interno deste “estate”, que é o condomínio de vários prédios, onde reside a população de renda mais baixa, como eu.

Uma alegria desfrutar do sol, das flores, do dia lindo. Tive a grata satisfação de hospedar Julia Nezu, da USE-SP, que veio abrilhantar a tarefa que a BUSS oferece aos trabalhadores espíritas do Reino Unido, com Seminários de Preparação, Reciclagem de Trabalhadores, tarefa essa sempre importante, para se manter o padrão de estudos e atendimento fraternal em nossas fileiras de tarefas.

Eram quase 22 horas (10pm). Aqui em UK (United Kingdom, Reino Unido) é padrão legal dividir o horário antes do meio dia e após o meio dia, por isso 8am são 8h da manhã no Brasil, portanto não tem diferença. Mas em se referindo 8h da noite, aqui são 8pm e no Brasil 20 horas.

Então, como eu ia dizendo, eram quase 10pm e eu disse à Julia:  “Daqui a pouco as raposas virão brincar debaixo da janela” e mostrei à Julia o jardim, o gramado interno. Julia ficou pasma. “Como assim, você tem raposas aqui?” Of course, respondi à Julia. Sim, Julia. Há anos, um casal de raposas lindas, peludas, grandes, na primavera brincam e no verão já estão com os filhinhos... Já descrevi isso em crônicas passadas, de como é interessante ver o papai e mamãe raposos, com os três filhotinhos, brincando livres após as10pm, quando os cachorros estão em seus apartamentos (flats), com seus donos, e os bichinhos têm todo o gramado para desfrutar da noite. Moram nos vários arbustos sob as janelas... Julia amou vê-las.

Vez ou outra, ao chegar da tarefa espírita, pelas 10pm, eu as encontro atravessando a rua lá embaixo. Espero com calma, respeito o tempo delas, tiro fotos com o celular, envio aos netos, e assim caminhamos e convivemos.

Surpresa maior certa vez quando em casa de Janet Duncan, uma noite de primavera, ela falou-me: “Agora vou colocar comidinha para os hedghog (porquinhos espinhos) que vêm ao jardim comer as comidas dos gatos e cachorros”. Assim, muitos alimentam esses bichinhos, que são muito lindinhos coberto de espinhos. Janet pegou uma toalha, abraçou um e deu-me a segurar. Inacreditável. Um bichinho lindo, fiquei fã do pequenino frequentador da casa da Janet Duncan.

Estradas e mesmo ruas de bairros do Reino Unido têm passagem subterrânea para os bichinhos, para que os acidentes nas estradas possam ser diminuídos, preservando animaizinhos, que cruzam os campos, cortados por autoestradas.  Há também pontilhão de verde, onde os animais cruzam por cima dos carros, sem serem perturbados com o tráfico intenso de 4 rodas embaixo... Na Suíça, em muitas estradas também é assim. Provavelmente em outros países europeus também usam passagem subterrânea e por cima das free-ways, vias expressas. Penso que isso já existe no Brasil, como no Reino Unido existe desde longa data.

Os queridos leitores podem estar curiosos porque não estou falando de Espiritismo... Mas estou falando de respeito à vida, do meio ambiente, da atenção com nossos irmãos menores, que nos encantam, mas que devemos respeitar-lhes o habitat, seu espaço, mesmo que o avanço da tecnologia lhes roube o campo. Em retorno, lhes damos o que podemos dentro da lei de cada país.

Assim, Julia ficou encantada, eu fiquei feliz, pois estamos de uma forma ou de outra sempre aprendendo quando visitamos terras de além-mar.

Gratidão a todos.

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Elsa Rossi, escritora e palestrante espírita brasileira radicada em Londres, é membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI) e coordenadora da BUSS-British Union of Spiritist Societies.



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