A importância do perdão - Eder Andrade
21 Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?"22 Jesus respondeu: "Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete.” (Mateus 18:21-22)
Infelizmente na nossa sociedade a palavra justiça acabou sendo usada como um sinônimo para vingança e perdão para fraqueza.
Desejamos emocionalmente que o ofensor sofra uma pena idêntica à dor que ele nos impôs. Basta nos lembrar que na antiga Babilônia o rei Hamurabi criou o primeiro código de leis escritas na História da Humanidade. Esse código de leis foi criado com base na antiga Lei de Talião, que significa retribuição, onde o ofensor pagava com uma pena proporcional à ofensa cometida, era olho por olho e dente por dente.
Uma lei muito dura aplicada na Antiguidade Oriental a uma população atrasada, violenta e ignorante, representou, porém, um avanço, porque anteriormente, por muito menos, o infrator perdia a vida. Com a Lei de Talião, estabeleceu-se um critério e limite para as penalidades impostas pela lei.
Muitos acreditam que o ato de perdoar representa um gesto de compaixão para aquele que cometeu um erro, enquanto na verdade, o perdão libera o ofendido do vínculo com seu ofensor.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo temos a seguinte passagem deixada por Paulo, o Apóstolo, em Lyon,1861.
“Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio”. (1)
Paulo, o Apóstolo, nos oferece pensamentos para realizar uma releitura dos acontecimentos das nossas vidas, percebemos que o perdão feito de forma sincera pode nos libertar da mágoa que nutrimos dos nossos ofensores. Nós seremos os grandes beneficiados, pois iremos romper os vínculos de cobrança, que pode nos consumir ou escravizar por mais de uma existência.
Vínculos que nos consomem energeticamente em quadros depressivos ou melancólicos. Quando perdoamos aqueles que nos ofenderam, os principais beneficiados somos nós, pois rompemos a ligação mental com nossos algozes, que infelizmente em vidas passadas, podem ter sido nossas vítimas.
N’ O Evangelho Segundo o Espiritismo vamos encontrar uma recomendação oportuna:
“Ó homens! Quando será que julgareis os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos? Quando só tereis olhares severos sobre vós mesmos?
Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros. Lembrai-vos daquele que julga em última instância, que vê os pensamentos íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que censurais, ou condena o que relevais, porque conhece o móvel de todos os atos.” (José, Espírito protetor, Bordeaux, 1863.) (1)
Todos somos espíritos em processo de evolução, alguns andam poucos passos à frente e outros nos acompanham na retaguarda, mas isso não significa que sejamos muito melhores que ninguém. O espírito não evoluiu como um todo, e sim por setores que melhor se identifica, para depois, promover o processo de amadurecimento dos outros segmentos da sua vida.
Quando aprendemos a exercer a caridade e indulgência aos semelhantes, o perdão passa a fazer mais sentido, pois a nossa existência é uma via de mão dupla, como o Cristo nos ensinou em muitas passagens bíblicas que só com o tempo fizeram sentido, como por exemplo:
“Não julgueis, para que não sejam julgados, porque com o julgamento com que julgardes serão julgados, e com a medida com que tivemos medidas avaliadas vos hão de medir a vós." (Mateus 7:1-5)
Essa passagem narrada por Matheus é muito controversa, pois a orientação do Cristo é para não alimentarmos sentimento de vingança e entregarmos a Verdadeira Justiça nas mãos de Deus. A Humanidade ainda é muito atrasada e tende a querer fazer justiça com as próprias mãos.
Desde a Antiguidade, Hamurabi estabeleceu um primeiro parâmetro na História para aplicação das leis, diante das infrações cometidas, pois a aplicação da justiça ou punição, era desproporcional ao crime cometido pelo infrator e não consertava o erro cometido.
A pena de morte é muito questionada nos dias de hoje, principalmente quando acreditamos na reencarnação e sabemos que certas aplicações da lei humana não educam o espírito imortal, muito pelo contrário, em alguns casos geram mais revolta. Apenas a evangelização e educação espiritual poderá com o tempo conscientizar a todos da responsabilidade reencarnatória e do respeito ao semelhante.
Desde o século XVIII os Iluministas e Enciclopedistas já afirmavam que deveríamos educar as pessoas para a lei não ter que um dia punir. Ainda não conseguimos entender o verdadeiro sentido dessa mensagem.
O trabalho de educação e esclarecimento deixado por Emmanuel nas obras psicografadas por Chico Xavier ao longo de sua vida, representam um manancial de orientação de ordem moral para todos que desejarem promover seu processo de Reforma Íntima, pois nos chamam atenção de detalhes que nem sempre conseguimos perceber pela educação convencional.
Destacamos essa passagem oportuna para nosso trabalho de burilamento íntimo:
“Se tens algum inimigo, faze das horas renascer-te o caminho da reconciliação.
Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada para frente.
Recorda que há mais ignorância que maldade, em torno de seu destino.” (2)
Conhecedor das fragilidades da natureza humana pelas encarnações vivenciadas, Emmanuel sempre em suas obras procura nos oferecer diretrizes para a melhora pessoal enquanto encarnados.
Bibliografia:
- Kardec, Allan; O Evangelho Segundo o Espiritismo; Cap. X - Perdão das Ofensas - it. 15; A Indulgência - it. 16; (Trad. Guillon Ribeiro); FEB.
- Xavier, Francisco Cândido; Vida e Caminho (1994); Carta de Ano Novo (Emmanuel); Ed. GEEM.
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