A morte não existe - Rogério Coelho

A vida sobrepõe-se à morte e domina todas as paisagens

 “Se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.” - Jesus.  (Jo., 8:51.)

Em hipótese alguma morrer é parar, finar, consumir-se... A vida sobrepõe-se à morte e domina todas as paisagens. Por isso é que o Amor, (emanação do Excelso pai) acende a claridade da alegria e dirige os que tombaram, após reerguê-los e ampará-los longe dos limites das sombras, das dores, das paixões alucinadas...

Em nome desse amor não se interrompem os programas do afeto, nem se arrebentam os liames da antipatia necessitada de destruição; antes, aumentam os recursos do intercâmbio e se multiplicam as possibilidades de ventura, surgindo e ressurgindo ensejos de construir a perene felicidade, que a todos espera, na dependência do tempo empreendido no burilamento pessoal, intransferível.

O vero Cristianismo faz imensurável e superlativa falta à humanidade!...

As manifestações religiosas que grassam, comprazem-se em assegurar a vida física quase sempre em detrimento das realidades espirituais. O homem, em consequência disso, adia meditações em torno do problema da morte, como se fora uma realidade remota, sempre distante e, invariavelmente, deixa-se colher pelo fenômeno da morte sem o necessário preparo espiritual para a jornada na direção da realidade.

Quando todos compreenderem que a morte não existe, não existirá também o dia de finados que atualmente traduz-se em intensificação do comércio de flores e velas, que logo se transformarão em lixo e que absolutamente nada significam para quem já ultrapassou a aduana da vida física.

Necessário se faz amadurecer as cogitações acerca das caducas “tradições” já superadas e sem razão de ser em pleno século da luz.

Diante de um ser amado que partiu da Terra, na hora em que o Amor arde no coração, vêm as interrogações sobre a grande viagem... Essas interrogações afloram dolorosas, pungentes, desesperadoras... A mente faz um retrocesso relacionando as oportunidades de convivência física e emocional com aqueles que se foram; arrependimentos tardios e lancinantes evocações brotam nas mentes em desalinho, desejosas de refazer, de ter as oportunidades que não voltarão, a fim de retificarem enganos e desconcertos. O imenso silêncio que impera, símbolo significativo da magnitude do túmulo, desafia a frieza do materialismo e a empáfia dos partidários da existência única, que se deixam, então, vencer pelo peso do indesejado acontecimento.

Nesses momentos, ecoam sem vida as preces memorizadas e monotonamente repetidas; soam sem tônica de paz ou esperanças as palavras “sacramentais”, fúnebres e descoloridas como o passar das eras que as articularam.

Nesses momentos, porém, quando se supõe que o amor desfaleceu e a vida se extinguiu, ou somente poderão reaparecer em estados-limites impostos pelas determinações dos dogmas humanos, ergue-se, triunfante, além das sombras, a madrugada da vida, facultando ao ser ressurgir dos escombros, vestido pela indumentária eterna que elaborou na Terra.

O Espírito triunfa do corpo e recomeça o caminho momentaneamente interrompido.   Do silêncio dos lábios e da acústica fechada irrompem, além do mundo físico, novas modulações e o amor reaparece glorioso, em gáudio e vitória, entretecendo novas esperanças e construindo imprevisíveis realizações.

Todos embarcaremos no veículo da morte, mas o desembarque será na plataforma da Vida Maior. Não precisamos resvalar pelo despenhadeiro da desesperação ou enviscar-nos no emaranhado da tristeza pelos seres queridos temporariamente arrebatados pelo decesso corporal. Eles não morreram!... Simplesmente atravessaram a grande aduana, que também atravessaremos – inevitavelmente – dentro em pouco.

Confiemos em Deus e procuremos trabalhar, orar, servir, perdoar e esperar!

O amanhã é o nosso dia, que hoje começa, pedindo-nos seriedade e abnegação na conquista de nossa felicidade. Por isso afiançou Jesus: “em verdade, em verdade vos digo, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.”



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