Bons médiuns - Orson Carrara

Talvez o leitor não tenha percebido, mas Kardec classifica com sabedoria, em quatro grupos, aqueles que podem ser considerados de “bons médiuns”. Está em O Livro dos Médiuns, item 197, no capítulo XVI – Médiuns especiais. O capítulo traz o significativo subtítulo Aptidões especiais dos médiuns – Quadro sinótico das diferentes variedades de médiuns. Referido capítulo é precedido por dois outros também específicos: Dos Médiuns (com ampla classificação geral das várias modalidades) e Médiuns Escreventes ou Psicógrafos (esse específico para os conhecidos psicógrafos). Nesses citados capítulos já se pode ter dimensão da variedade de médiuns, pedindo estudo para conhecimento.

Mas voltemos à questão dos Bons Médiuns, que conclui o rico capítulo já citado. Kardec os distribui em quatro grupos: Sérios, Modestos, Devotados e Seguros. Note o leitor que quatro virtudes nomeiam o comportamento daqueles que podem ser chamados bons médiuns. Em cada classificação o Codificador acrescenta comentários sobre a razão da classificação, onde estão preciosas orientações para quem está envolvido com a questão, cuja leitura e funda reflexão não pode ser desprezada, nem desconhecida e vivida.

Na sequência do item estão comunicações dos Espíritos Erasto e Sócrates e também comentário do próprio Kardec.

Desses preciosos textos selecionamos alguns trechos para reflexão do leitor:

  1. “(...) ao médium que tomasse essas reflexões por mal provaria uma coisa: que não é bom médium, quer dizer, que está assistido por maus Espíritos (...)” – De Erasto.
  2. “(...) os que abusam ou usam mal suas faculdades, sofrerão tristes consequências por isso, como já ocorreu com alguns (...)” – de Erasto. Acrescente-se, como já conhecido que são apenas consequências, nunca castigo ou punição. É que sempre responderemos por nossas ações.
  3. “Esse quadro é de grande importância, não somente para os médiuns sinceros que procurarão de boa-fé, lendo-o, de se preservar dos escolhos aos quais estão expostos (...). Deveria estar constantemente sob os olhos de qualquer que se ocupe de manifestações, e igualmente da escala espírita de que é complemento; (...)” – de Sócrates.
  4. “(...) Restringindo-se em sua especialidade, o médium pode distinguir-se e obter grandes e belas coisas; ocupando-se de tudo, não obterá nada de bem. (...) o desejo de estender indefinidamente o círculo de suas faculdades, é uma pretensão orgulhosa (...); os bons abandonam sempre o presunçoso, que se torna, assim, o joguete de Espíritos enganadores (...). – de Sócrates.

Será de bom entendimento buscar estudar atentamente os 3 capítulos citados. Eles oferecem riquezas esquecidas de orientação para médiuns ou coordenadores de grupos de estudos ou grupos mediúnicos. Mas, é claro, para estudiosos em geral. São preciosidades que sempre precisam ser consideradas para não se cometer os comuns equívocos de informações dadas à pressa, sem embasamento doutrinário, distorcendo realidades e informações.

O Espiritismo é ciência vasta, intensa, luminosa, como afirma Cairbar Schutel, em seu Médiuns e Mediunidades. Não pode nem deve ser tratado com negligência. Ele pede responsabilidade, estudo continuado, reflexão constante, para bem assimilado em sua grandeza inesgotável.

Ser chamado bom médium só porque tem suposta facilidade para informações espirituais a todo instante, sob qualquer pretexto, é bem desconhecer o que seja o Espiritismo, o que seja Mediunidade, qual sua finalidade. Há muito mais do que a ingenuidade posso supor dentro da expressão e isso precisa sempre ser objeto de estudo e pesquisa, para não sermos seduzidos pelas paixões todas que aí estão: vaidade, egoísmo, pretensões e seus desdobramentos.



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