Dois pesos e duas medidas - Altamirando Carneiro

Esta é a nefasta tendência de usar-se de dois pesos e duas medidas, no trato com o semelhante. Por sua maneira equivocada de julgar, o homem acha-se no direito de conceder privilégios a uns e castigos a outros.

O homem de bem pratica a lei de justiça, amor e caridade. E se a aplica, não privilegia uns e exclui outros, sejam quais forem as circunstâncias. Mesmo porque o que quer para si, deseja também para os outros. Pois a benevolência para com todos é um dos verdadeiros sentidos da palavra caridade.

O capítulo XI de O Livro dos Espíritos (X - Lei de Justiça, Amor e Caridade) diz que o progresso moral desenvolve o sentimento de justiça, mas não o dá, pois Deus o pôs no coração do homem. É por isso que encontramos "entre homens simples e primitivos, noções mais exatas de justiça do que entre pessoas de muito saber".

O ser humano mistura paixões e preferências em seus julgamentos. Por isso, o que para uns é injusto, para outros é uma coisa perfeitamente normal. Mas se o homem tem consciência de todas essas implicações e não as aplica, certamente que responderá espiritualmente pelo que fizer.

Enfim, "a justiça consiste no respeito aos direitos de cada um", direitos esses que são determinados pela lei humana e pela lei natural. As leis humanas são apropriadas aos costumes e ao caráter do homem. Por isso, elas estabelecem direitos que variam com o progresso.

Cada qual quer que os seus direitos sejam respeitados. E o correto seria que antes de cada ação cada um perguntasse a si mesmo como desejaria que agissem com ele. "Como não é natural que se queira o próprio mal, se tomarmos o desejo pessoal por norma ou norma de partida, podemos estar certos de jamais desejar para o próximo senão o bem".

A primeira obrigação do homem é respeitar o direito do semelhante e o que assim fizer será sempre justo. Sem o amor do próximo e sem a prática da caridade, não há verdadeira justiça.

Diz O Livro dos Espíritos que "os direitos naturais são os mesmos para todos os homens, desde o menor até o maior. Deus não fez uns de limo mais puro que outros e todos são iguais perante ele. Esses direitos são eternos; os estabelecidos pelos homens perecem com as suas instituições. De resto, cada qual sente a sua força ou a sua fraqueza, e saberá ter sempre uma certa deferência para aquele que o merecer por sua virtude e seu saber. É importante assinalar isto para os que conheçam os seus deveres e possam merecer essas deferências. A subordinação não estará comprometida quando a autoridade for conferida à sabedoria".



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