Don Quintín López Gómez

Este mês vamos falar sobre Don Quintín López Gómez, jornalista e escritor espírita espanhol, considerado como um dos que mais divulgaram o Espiritismo na língua espanhola.

Nascido em Calvarrasa de Arriba, província de Salamanca, em 22 de maio de 1864, passou a infância mudando, a cada momento, de domicílio e de escola, ao acaso de postos a que era destinado seu pai, militar de carreira.

Aos 14 anos, escreveu suas primeiras frases em uma pequena publicação de Huesca, intitulada La Abeja Del Pirineo, e assim entra para uma gráfica em Jaca (Huesca), onde aprende o ofício gráfico, que irá desempenhar ao longo de toda a sua vida. Aos dezessete anos, conheceu o visconde Torres Solanot. Sua iniciação espírita data justamente dessa época, sendo seu iniciador Alberto Atalaya, que emprestou os Preliminares para o Estudo do Espiritismo, de Visconde Torres Solanot, e um número de La Luz del Porvenir, revista editada por Amalia Domingo Soler.


INICIAÇÃO ESPÍRITA

Sentindo-se interessado nas publicações que estava lendo, decidiu tornar-se assinante. Dois anos depois participou na Sociedade Sertoriana de Estudos Psicológicos, fundada em Huesca em 1877. Ingressou na instituição, orgulhoso de sua convicção espiritista, e quando essa entidade quis publicar uma revista e nenhuma oficina de Huesca dignou-se a imprimi-la, alguns entusiastas tomaram, por sua conta, e compraram tipos e prensa para isso, ficando ele encarregado de todo o trabalho. Compunha, imprimia, dobrava e enviava. Assim nasceu em 15 de março de 1883 El Iris de Paz, que foi suspensa após o surgimento de uma epidemia de cólera em Huesca.

El Iris de Paz, publicada quinzenalmente, tornou-se o órgão da sociedade e acabou sendo a janela para o exterior da Associação de Livres-Pensadores. Entre seus colaboradores estavam Amalia Domingo Soler, o Visconde de Torres Solanot, Enrique Oltra, Vicente Aguirre, Salvador Marco, Esteban Chavala, Severo Lasala, Sixto Huerta, Ramón Alamán, Pedro Morcate, Mariano Bellestar, Constantino Oliveira, Mariano Pérez, Félix Ferrer, Bernabé Morera, Feliciano Sánz e Lorenzo Fuyola, entre outros.

Quintín López Gómez trabalhou depois na Revista de Estúdios Psicológicos de Barcelona, La Revelación de Alicante, El Buen Sentido de Lérida e El Critério Espiritista de Madrid. Em 1889 mudou-se para Barcelona e, mais tarde, para Tarrasa, onde ocupou um cargo na prefeitura da cidade. Ali, ele se casou com María Rosa Coll y Coll, que seria sua companheira pelo resto da vida.

Naquela época, o movimento espírita espanhol havia crescido significativamente; centros e sociedades foram estabelecidos em todo o país; e numerosas revistas circulavam, como o Jornal de Estudos Psicológicos (Barcelona), La Revelación (Alicante), El Buen Sentido (Lérida), El Criterio Espiritista (Madrid), em que o jovem Quintín López passou a colaborar regularmente.


AS OBRAS ESPÍRITAS

Quintín López Gómez publicou mais de cinquenta obras, destacando-se entre elas: ABC do Espiritismo; A arte de curar através do magnetismo; Conhece-te a ti mesmo; Dicionário de Metapsíquica e Espiritismo; Catolicismo romano e Espiritismo; O Espiritismo; O problema religioso; Filosofia do determinismo; Esboços de Epistemologia Espírita; Filosofia e Doutrina Espírita; Glossário de palavras novas ou incomuns no Espiritismo; Hipnotismo fenomenal e filosófico; Interessante para todos; A Mediunidade e seus mistérios; A metapsíquica; As ilusões da realidade e a realidade das ilusões; O que há sobre o Espiritismo. Os artigos da minha fé; Os Fenômenos psicométricos; Metafísica transcendente; Omniteismo; Prometeu vitorioso ou ciência do sucesso; Rasgando o véu; Visão analítica do Espiritismo Kardeciano após meio século. “Les Vies Sucessives”. Memória apresentada ao Congresso Internacional de Londres, traduzida para o espanhol por Victor Melcior y Farré.

Em 1893, começou a ser publicada a revista Lumen que mais tarde iria se unir por alguns anos com a Revista de Estudos Psicológicos, e continuaria a publicar em uma terceira fase até pelo menos 1926, quando deixou de publicar, devido a uma doença, aquela que tinha sido uma das melhores revistas espíritas.

Em todos esses trabalhos é de destacar, além de um profundo conhecimento da Filosofia Espírita e de tudo aquilo que com o nosso ideal se refere, um sentido filosófico tão profundo, que muito bem poderíamos afirmar que Quintín López, junto com Gonzalo Soriano, são duas das mais fortes colunas filosóficas dentro do Espiritismo espanhol.

Interessou-se por todos os aspectos teóricos, culturais, práticos e experimentais da questão espírita. Relacionou importantes trabalhos de mediunidade experimental. Conhecia e aplicava o magnetismo. E também vinculou o Espiritismo às preocupações sociais e políticas de seu tempo. Por isso, e muito mais, o pensamento filosófico de Quintín López Gómez é uma referência obrigatória para todos aqueles que desejam penetrar profundamente na essência do Espiritismo, compreendê-lo em todas as suas dimensões e nutrir-se de sua infinita sabedoria. Altamente interessado e envolvido no progresso do movimento espírita no mundo, ele representou a Federação Espírita Espanhola em Londres no Congresso Espírita Internacional de 1922. Lá propôs a reorganização da Federação Espírita Internacional, desaparecida como consequência da primeira Guerra Mundial.


ÚLTIMOS ANOS

Em 1934, aos 70 anos, voltaria a participar de um Congresso Mundial, o 5º Congresso Espírita Internacional, realizado em Barcelona, onde foi aplaudido e aclamado por delegados de todos os países participantes e foi reconhecido como um dos mais brilhantes pensadores que configuraram a Doutrina Espírita, a partir de sua codificação por Allan Kardec. Uma longa doença interrompe suas tarefas e, finalmente, após uma intervenção cirúrgica, o septuagenário Quintín López retoma seus trabalhos, o que levou o Centro de Estudos Psicológicos de Sabadell a dedicar a ele uma merecida homenagem, à qual se uniu o movimento espírita espanhol inteiro, em grandiosa prova de amor e respeito.

Muito pouco tempo depois, Quintín López desencarnou em Tarrasa, em 13 de maio de 1936, nove dias antes de completar 72 anos. Não teve de passar, ao menos em corpo físico, pela angústia da situação criada pela insurreição franquista e pelo estabelecimento de uma ditadura com apoio clerical, que suprimiu as liberdades republicanas e perseguiu, com sanha e crueldade, todas as organizações progressistas, seculares e livres-pensadores, e dentro delas, é claro, o movimento espírita espanhol.



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