Eis que estou à porta e bato - Mário Frigéri

A revelação apocalíptica nos transporta a um dos momentos mais íntimos e sublimes da relação entre o Cristo e a alma humana: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (Ap. 3:20). Nessa imagem tocante, o Senhor se mostra como alguém que espera, pacientemente, por um gesto de acolhida vindo do coração de cada um de nós. Não irrompe pela força, mas se apresenta com ternura, em meio às tempestades do mundo, aguardando o consentimento da alma para nela fazer morada. O Mestre Divino bate à porta de um amigo humano que segue seus passos, convidando-o ao banquete da redenção.

Esse convite amoroso ultrapassa a moldura da visão profética e nos alcança agora, em nossa realidade cotidiana, na linguagem da consciência e das experiências que nos desafiam à renovação espiritual. Jesus continua a bater, chamando-nos ao silêncio interior, à superação dos medos, ao abandono das vaidades, à prática do bem sem ostentação. O poema que elaboramos, com inspiração nessa passagem, objetiva dar forma poética à visita de nosso Divino Mestre, transfigurando a fria noite do mundo na luminosa presença daquele que é a Vida e a Luz dos homens.

O título do poema já nos antecipa a grandeza desse momento. Eis que o Senhor, mesmo sendo o Rei deste planeta, dispõe-se a entrar no recanto mais humilde de nossa alma, desde que ouçamos sua suave batida e o convidemos ao aconchego de nosso lar. Cada verso evoca a emoção dessa epifania espiritual, em que o coração humano se torna altar e morada do Cristo. E, como o poema bem conclui, o sinal da verdadeira receptividade está no exercício da caridade, porque, afinal, é pelo amor vivido e a caridade praticada que mereceremos acolher o Cristo quando Ele, velada ou explicitamente, bater à nossa porta.

 

O HÓSPEDE DIVINO

Eu abro a porta de meu coração
Para atender a uma voz que chama,
Lá fora é noite e grande a ventania,
Por toda a parte o temporal rebrama...
Mas ao abri-la, oh! Deus, quanta emoção
Sobre minh’alma em prantos se derrama:
Pois contra a noite eu vejo, imerso em luz,
Em frente à porta o meu Senhor Jesus!

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida
E venho à Terra em busca de um amigo,
Por isso estou à tua porta e bato,
Se tu a abrires, cearei contigo;
De nosso Pai trago um manjar divino
Para compor a mesa em teu abrigo,
E, assim, unidos nessa refeição,
Bem junto ao meu terás teu coração.”

Jesus, agora, é o dono de minh’alma,
A esplandecente Estrela da Manhã
Que sobre a Terra espalha a luz do Amor
faz do mundo uma só alma irmã.
Ah! meu amigo! ama e trabalha sempre,
Perdoa e espera de alma pura e sã:

A Caridade é tudo quanto importa,
Quando Jesus bater à tua porta!

 

Mário Frigéri é poeta, escritor, autor e youtuber com a mente e o coração voltados para o esplendor do Evangelho e da Doutrina Espírita. Campinas-SP.



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