Goethe, o imortal alemão
Johann Wolfgang von Goethe nasceu no dia 28 de agosto de 1749, em Frankfurt, Alemanha, e desencarnou em 22 de março de 1832, Weimar, Alemanha. Ele foi poeta, romancista, dramaturgo, cientista, filósofo, estadista.
Goethe nasceu em uma família abastada. Seu pai, Johann Caspar Goethe, era jurista e muito culto; sua mãe, Katharina Elisabeth, era alegre e incentivava a criatividade dos filhos. Ele estudou línguas clássicas, música, desenho, ciências naturais, literatura.
Desde pequeno demonstrava talento extraordinário para escrever e observar a vida. Aos 16 anos, Goethe foi para Leipzig estudar Direito, mas se interessava muito mais por arte e poesia do que por leis. Durante esse período, ele escreveu: Poemas líricos, a comédia A Cumplicidade dos Homens, o romance Os Sofrimentos do Jovem Werther (1774) — livro que o tornou aos 25 anos famoso em toda a Europa. Werther marcou o movimento literário chamado Sturm und Drang (“Tempestade e Ímpeto”), valorizando emoção intensa e liberdade criativa.
Em 1775, Goethe foi convidado pelo duque Karl August para viver na corte de Weimar, tornando-se conselheiro político, administrador do Estado, responsável por minas, estradas e reformas sociais. Weimar se tornou um centro cultural graças a ele. Lá, Goethe se dedicou simultaneamente à política, à literatura, às ciências, à filosofia.
GOETHE E SUA MEDIUNIDADE
Os primeiros fenômenos mediúnicos se deram quando o poeta estava em plena maturidade intelectual.
Reconhece a crítica literária que na primeira parte do genial poema Fausto introduziu Goethe poucos ensinamentos da chamada, então, “ciência oculta”. Por quê? A resposta se nos afigura evidente: é que a mediunidade só lhe apareceu longos anos mais tarde, quando começou a redigir a segunda parte do poema. A segunda parte de Fausto foi terminada 24 anos após a publicação da primeira em 1808. Goethe concluiu-o em 1832, ano de sua morte. (A doutrina espírita só apareceria em 1857 com a publicação de O Livro dos Espíritos.)
Goethe dedicou grande parte da vida ao seu trabalho mais famoso: Fausto.
Iniciou-se Goethe no ocultismo através de Lavater e da sra. De Klettenberg. Motivos para sua iniciação: os fenômenos vividos pelo poeta e sua paixão pelas ciências. Os fenômenos observados pelo genial poeta alemão oferecem aspectos curiosos. O órgão Psychische Studien (número de março de 1897) dá-nos o seguinte caso vivido por Goethe:
Wolfang von Goethe, que por uma tarde chuvosa de verão saíra a passeio com seu amigo K..., voltava com ele do Belvedere, em Weimar. De repente, o poeta para, como se estivesse diante de uma aparição, e se dispõe a falar-lhe. K... de nada se apercebera.
Súbito, exclama o poeta: “Meu Deus! se eu não tivesse a certeza de que neste momento meu amigo Frederico está em Frankfurt, juraria que é ele!...”
Em seguida, solta uma gargalhada: “Mas é ele mesmo! O meu amigo Frederico!... Tu, aqui, em Weimar?! Por Deus, meu caro, em que trajes te vejo... Com o meu chambre... meu boné de dormir... calçando minhas chinelas... aqui em plena rua?!” K..., como ficou dito acima, nada absolutamente via de tudo aquilo e se espantou, crente de que o poeta fora atacado de repentina loucura. Goethe, porém, preocupado tão só com a sua visão, exclama, abrindo os braços: “Frederico! Onde te meteste? Grande Deus! Meu querido K..., não viste onde se meteu a pessoa que acabamos de encontrar?” K..., estupefato, não respondeu. Então, o poeta, depois de dirigir o olhar para todos os lados, diz em tom de quem divaga: “Ah! sim, compreendo... foi uma visão... Qual, no entanto, será a significarão de tudo isto? Teria meu amigo morrido repentinamente? Seria seu o espírito o que vi?...”
Dentro em pouco Goethe chegava à casa e lá encontrou Frederico. Os cabelos se lhe eriçaram. “Afasta-te, fantasma!” bradou, recuando, pálido como um cadáver. “Então, meu caro, respondeu Frederico, é esse o acolhimento que dispensas ao teu mais fiel amigo?” “Ah! exclamou o poeta a rir e a chorar ao mesmo tempo, agora, sim, vejo que não é um espírito, mas um ser de carne e osso!” E os dois se abraçaram efusivamente.
Frederico chegara todo molhado da chuva à casa de Goethe e vestira as roupas do amigo. A seguir, adormecera numa poltrona e sonhara que fora ao encontro do poeta e que este o interpelara assim: “Tu, aqui em Weimar?! Quê!... com meu chambre... meu boné de dormir... e minhas chinelas, em plena rua?!” Desde esse dia, o grande poeta acreditou noutra vida após a morte.
O poeta passou a crer na reencarnação. Não há dúvida: ele mesmo confessou numa poesia dirigida à sua amiga, a sra. von Stein: “Dize-me o que nos reserva o destino? Por que nos ligou ele tão estreitamente um ao outro? Ah! Tu deves ter sido em tempos longínquos minha irmã ou minha esposa... e de todo este passado só resta uma reminiscência de antiga verdade sempre presente em minha vida.”
Vejamos outros fenômenos mediúnicos na vida do excelso poeta alemão.
Goethe encontrava-se na Itália. Certa vez, alta noite, Goethe pôs-se a chamar seu criado; quando este entrou no quarto verificou que seu amo havia posto o leito muito próximo da janela, a fim de observar o céu. “Nada notaste no céu?” perguntou-lhe o poeta, apreensivo. Como o criado respondesse pela negativa, o escritor ordenou-lhe que fosse correndo, ao posto policial saber se nada haviam observado no céu. Na polícia também nada tinham observado de estranho. “Pois bem! replicou Goethe. Ou teremos um tremor de terra, agora, ou um tremor na terra está iminente!”
Nessa mesma noite um tremor de terra sacudiu a cidade de Messina.
A REENCARNAÇÃO NOS POEMAS DE GOETHE
Goethe fala claramente de reencarnação em seus poemas.
O poema “A Alma do Mundo” (Die Seelenwanderung) é o mais citado quando se fala de reencarnação em Goethe:
“Assim como a forma do homem muda de ano para ano,
também muda a alma, passando de uma vida a outra.”
Aqui, ele usa a palavra Seelenwanderung, que significa literalmente “migração das almas”, sinônimo de reencarnação.
No poema “Canção Noturna do Viajante” ele fala:
“Eu sei que nada perece;
tudo renasce eternamente.”
Goethe acreditava que a alma segue em evolução contínua.
No poema “O Eterno Feminino” (final de Fausto II), no fim da obra, ele fala da ascensão espiritual após muitas etapas, uma visão compatível com reencarnação:
“Todo o transitório é apenas um símbolo; o inatingível aqui se realiza; o indizível aqui se cumpre.” Goethe expressa que a alma evolui por estágios sucessivos.
Essa reflexão famosa sobre vidas sucessivas é uma das citações mais conhecidas (atribuída a conversas registradas): “Eu estou certo de que já estive aqui mil vezes, e espero retornar outras tantas.” Esta frase é amplamente mencionada por biógrafos e estudiosos espiritualistas.
Na carta de 1820 (reencarnação implícita) Goethe escreve:
“A natureza nada cria que se perca; ela apenas transforma. O espírito segue a mesma lei.”
“Se a natureza me dá esta vida, por que não me daria outra? Nada nela é desperdiçado.”
Goethe: acreditava na sobrevivência da alma, via a existência como evolução contínua, falava da passagem do espírito por diferentes estágios, citava explicitamente a “migração das almas” (Seelenwanderung).
Isso coloca Goethe, sem dúvida, entre os grandes pensadores reencarnacionistas do Ocidente.
Goethe continuou ativo até os 80 anos, escrevendo diariamente. Seu último grande trabalho foi Fausto – Parte II, concluído poucos meses antes de morrer.
Ele faleceu em 22 de março de 1832, em Weimar.

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