Jovem, você consegue expressar seus sentimentos?

Já notou que em algum momento da sua vida você já se fez essa pergunta? E provavelmente já tenha se feito até mais vezes do que gostaria. Em um mundo onde a velocidade da comunicação é cada vez maior e, é claro, o mais resumida possível! Tendemos a utilizar textos curtos, tais como, emoticons e memes, ao invés de frases inteiras. E com essa rapidez na troca de informações, talvez o que você vem sentindo não dê pra resumir em 140 caracteres, com um emote ou meme engraçadinho.

Dentro do universo que vivemos, alguns de nós tem a facilidade de se expressar, seja de maneira espontânea ou após pensar muito a respeito. E a forma como isso acontece é algo muito particular é fruto de nossas vivências, da nossa experiência pessoal. Assim, é muito comum que na fase da adolescência até o início da vida adulta sentir-se numa montanha russa de sentimentos na maior parte do tempo. Ter mudanças de humor, inclusive várias vezes ao dia, cobranças excessivas sobre o seu próprio comportamento. Ter medo de não conseguir alcançar expectativas próprias ou de terceiros (pais, familiares, amigos e ambiente social) e de ser julgado, ser criticado ou não aceito por sentir e pensar de forma diferente do grupo, o qual deseja fazer parte. 

“Eu não gosto de incomodar/Desculpa por te incomodar com meus problemas” 

Isto lhe é familiar? Essa insegurança cresce geralmente ao ponto de acharmos que a simples expressão do que sentimos pode levar incômodo ao outro.  Sentir que está sendo avaliado a todo momento, numa espécie de competição onde aqueles próximos de você (conhecidos ou não) vão lhe criticar, menosprezar ou lhe trazer algum desconforto. Do medo das críticas nasce o desejo de não errar e as cobranças para ser perfeito.

Ora, no mundo da perfeição não existem problemas. Dizer que está tudo bem se torna um hábito, uma resposta automática. 

  • Fiquei triste por você ter terminado o seu relacionamento, quer conversar? 
  • Vi que você não alcançou a nota no Enem, quer conversar?
  • Percebi que você está mais calado ultimamente, aconteceu algo?
  • Você apagou diversas mensagens ontem à noite, antes de eu ler! o que houve?

E a resposta é sempre: “Sem problemas, tá tudo bem”!

Nessa idealização da superação vestimos uma roupa de "super-herói" onde estamos disponíveis para os outros, mas, escondemos a nossa verdadeira identidade, as nossas fraquezas e vulnerabilidades com medo de alguém nos atacar ao descobri-las. Dessa forma, essa lacuna pode dar espaço à falsa percepção de que ninguém se importa ou se interessa por nós, que queira nos escutar e que as pessoas estão contigo numa espécie de favor, pena ou obrigação, pois você não se sente interessante ou que possua algo verdadeiramente bom que possa oferecer em troca nas suas relações. Nessa perspectiva de si mesmo, a mente torna-se terreno fértil para aparecimento de psicopatologias como depressão, ansiedade, transtornos do sono, compulsões e etc.

Conflitos nas relações afetivas tornam-se comuns, numa dualidade onde a percepção da necessidade de expressar seu afeto pode perder para o medo de não se expressar. Isso pode ser visto como indiferença.

E vivendo este conflito, o que fazer?

A batalha mais difícil de ser travada ocorre no teu mundo íntimo. Ninguém a vê, aplaude ou censura. É tua vitória, ou derrota, pertencerá a ti em silêncio. Nenhuma ajuda exterior poderá contribuir, para o teu sucesso, ou conjuntura alguma te levará ao fracasso. - Joanna de Ângelis -  Momentos de Meditação - Divaldo P. Franco - Cap. 4 - Ego e eu

O autoconhecimento. Olhar para si mesmo, perceber que você é um ser completo por natureza e que sim, suas necessidades são importantes. Busque analisar suas emoções, perceber como você reage às situações, quais pensamentos são mais constantes e como você se sente diante de cada um deles sem se prender. Pense como uma nuvem que vem e passa no céu.

Faça forma mais leve que conseguir, pois certos pensamentos, ou situações do passado podem reforçar a insegurança, o autojulgamento e trazer à tona bloqueios. Lembre-se que você é um jovem, uma pessoa em formação, vivendo suas próprias experiências e que está suscetível ao erro e o acerto, e logicamente aprendendo com isto. Dessa forma, a conversa consigo mesmo poderá a fluir de forma mais leve.

Não tá fluindo? Calma, respeite os seus limites

Cada um de nós é único na sua forma de interagir com o que o mundo nos apresenta, então evite comparar o seu processo ao de outras pessoas, nem estipular metas ou prazos como se estivesse em uma corrida “em busca da sua melhor versão”. Esses gatilhos são perigosos e tendem a nos enfraquecer dando uma falsa ideia de “perda de tempo”. 

Não há perda ou ganho de tempo, há apenas o tempo. 

Adote a prática baby steps, e abrace a mudança de comportamento de maneira gradual, essa prática te deixará mais confiante e confortável em encontrar o seu próprio ritmo. 

Não esconda nada de você mesmo. Talvez a dificuldade em se expressar esteja justamente na necessidade de ser alguém que você não é. É natural que nos nossos papéis sociais tenhamos comportamentos para que possamos nos afinar a um grupo, mas não adote isso como uma prática que o distancie dos seus próprios valores, gostos e aptidões. Quando sentir-se incomodado é um indício de que alguma ação é necessária.

Por fim…

A doutrina espírita nos oferece um acervo muito rico no processo de autoconhecimento, mas isso não impede que procuremos ajuda de um profissional da saúde mental qualificado, como terapeutas e psicólogos que irão nos conduzir em todo o processo. 

Espero que minhas palavras possam tê-lo auxiliado de alguma maneira. 

Abraços fraternos!



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