Obterás

Obterás o que pedes.

Não olvides, contudo, que a vida nos responde aos requerimentos, conforme a nossa conduta na petição.

Sedento, se buscas a água do poço, vasculhando-lhe o fundo, recolherás tão somente nauseante caldo do lodo.

Faminto, se atiras lama ao vaso que te alimenta, engolirá a substância corrupta.

Cansado, se procuras o leito, comunicando-lhe fogo à estrutura, deitar-te-ás numa enxerga de cinzas.

Doente, se injurias a medicação que se te aconselha, alterando-lhe as doses, prejudicarás o próprio organismo.

Isso acontece porque a fonte, encravada no solo, é constrangida a guardar os detritos com que lhe poluem o seio; o prato é forçado a reter os resíduos que se lhe imponham à face; o colchão é impelido a desintegrar-se ao calor do incêndio, e o remédio, aplicado com desrespeito, pode exercer ação contrária a seus fins.

Ocorre o mesmo, em plena analogia de circunstâncias, na esfera ilimitada do espírito.

Desesperado ou infeliz, desanimado ou descrente, não te valhas do irmão de que te socorres, tentando convertê-lo em cobaia para teus caprichos, porque toda alma é um espelho para outra alma, e teremos nos outros o reflexo de nós mesmos.

Sombra projetada significa sombra de volta. Negação cultivada pressagia a colheita de negação.

Se aspiras a desembaraçar-te das trevas, não desajustes a tomada humilde, capaz de trazer-te a força da usina.

Oferece-lhe meios simples para o trabalho certo e a luz se fará correta na lâmpada.

Clareia para que te clareiem.

Auxilia para que te auxiliem.

Estuda, servindo, para que o cérebro hipertrofiado não te resseque o coração distraído.

Indaga, edificando, para que a inércia te não confunda.

Fortaleçamos o bem para que o bem nos encoraje.

Compreendamos a luta do próximo, a fim de que o próximo nos entenda igualmente a luta.

Lembra-te, pois, da eficácia da prece e ora, fazendo o melhor, para que o melhor se te faça, sem te esqueceres jamais de que toda rogativa alcança resposta segundo o nosso justo merecimento.


Do livro Religião dos Espíritos, cap. 21, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.



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