Os anjos da guarda se afligem com os nossos males?
Uma pessoa nos perguntou certa vez se o Espiritismo admite a existência dos anjos da guarda. E, complementando a pergunta, acrescentou: - Se, de fato, existem os anjos da guarda, que tipo de mal que nos acomete mais os aflige?
Sim, eis a resposta à primeira pergunta; os anjos da guarda existem, como é dito com toda a clareza nas questões 489 a 492 d’ O Livro dos Espíritos, a principal obra da doutrina espírita:
489. Há Espíritos que se ligam a um indivíduo, em particular, para o proteger?
“Sim, o irmão espiritual; é o que chamais o bom Espírito ou o bom gênio.”
490. Que se deve entender por anjo da guarda?
“O Espírito protetor de uma ordem elevada.”
491. Qual a missão do Espírito protetor?
“A de um pai para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida.”
492. O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu nascimento?
“Desde o nascimento até à morte, e frequentemente o segue depois da morte, na vida espírita, e mesmo através de numerosas existências corpóreas, porque essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.”
Quanto à segunda pergunta – que tipo de mal que nos acomete mais os aflige? – lembremos que o Espiritismo nos ensina que os bons Espíritos se preocupam com os nossos males, do mesmo jeito que compartilham as nossas alegrias.
Procurando fazer-nos todo o bem que lhes seja possível, é natural que se sintam ditosos com a nossa felicidade e os nossos momentos de alegria. Contudo, sabendo ser transitória a existência corporal e cientes de que as tribulações a ela inerentes constituem meios de alcançarmos uma situação melhor, os bons Espíritos se afligem mais com os males que tenham origem em causas de ordem moral do que com nossos sofrimentos físicos, todos passageiros.
Assim, eles pouco se incomodam com as desgraças que atingem nossas ideias e preocupações mundanas, do mesmo modo como, aliás, agimos com relação às mágoas pueris das crianças.
Vendo nas amarguras da vida um meio de nos adiantarmos, eles as consideram como uma crise ocasional de que resultará a salvação do doente. Compadecem-se dos nossos sofrimentos, como nos compadecemos dos sofrimentos de um amigo. Entretanto, enxergando as coisas de um ponto de vista mais justo, apreciam-nos de um modo diverso do nosso.
Em momentos assim, os bons Espíritos procuram levantar-nos o ânimo no interesse do nosso futuro, enquanto os Espíritos inferiores, com o objetivo de comprometer-nos, nos impelem ao desespero.
Podemos, portanto, à vista dos ensinamentos espíritas, deduzir na forma seguinte nossas conclusões em torno do assunto examinado:
1 - Os bons Espíritos se afligem quando nós, diante de um mal qualquer, não sabemos suportá-lo com resignação. Os inferiores, no entanto, se rejubilam com nossa postura negativa.
2 - Os males morais que mais preocupam os Benfeitores Espirituais são o nosso egoísmo e a dureza dos nossos corações, do que, ensina o Espiritismo, decorre tudo o mais. Nossos adversários desencarnados e os maus Espíritos, porém, adoram tal comportamento.
3 - Os bons Espíritos se riem de todos os males imaginários que nascem do nosso orgulho e da nossa ambição. Os inferiores, contudo, valem-se deles para, se for possível, afundar-nos mais ainda no fosso da amargura.
Finalizando, lembremos que os bons Espíritos não interferem em nosso livre-arbítrio. Orientam, inspiram, auxiliam, mas a decisão final cabe sempre a nós, tanto quanto as consequências.
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