Que haverá na infância

É pai. Pai de uma menina chamada Marília. Quer o melhor para a filha. Pois a vida é justamente uma incógnita. Há partes tranquilas, mas há trechos duros, indelicados. Sabe, por isso, que a primeira tarefa da educação é ensinar a conviver – esse bem-viver em meio à diversidade – de gentes, de histórias, de opiniões.

O que o pai deseja para a menina lhe parece tão singelo e ao mesmo tempo tão árduo. Manter a filha próxima das coisas importantes. E, antes de assumir a própria história, a meninazinha ter a oportunidade de experimentar, ainda na meninice, fatos distintos, mas que funcionem, no devido tempo, como recursos que ampliam o conhecimento de si e do vasto mundo.

A mensagem é clara: “estamos vivos e precisamos melhorar”, murmurou para si mesmo o pai da menina enquanto voltava para casa. Na cabeça, o nítido pensamento de educar a filha com referências éticas, sem negligenciar atenção e afeto.

Em casa, com incrível celeridade, buscou no armário o velho livro – O Menino do Dedo Verde, escrito por Maurice Druon, e que ganhara de seu pai, um dedicado professor (de química). 

O Menino do Dedo Verde conta a história de Tistu, um menino que não era como todo mundo. Porque não era como todo mundo, não foi aceito na escola. Por isso, seus pais resolveram educá-lo a partir da proximidade com as pessoas, com as coisas e com o mundo. Tistu, em certo instante da narrativa, descobre que possui um dom especial capaz de espalhar alegria e beleza por onde passa...

O pai deu o livro para a filha: – Você precisa ler este livro, Marília.

A menina soltou exclamações de alegria.

Oh! Quem duvidaria do valor de um livro infantil? E, mais tarde, como estarão enriquecidos aqueles que, na infância, experimentaram o hábito dos contos, das fábulas, da poesia...

À noite, o pai da menina, antes de dormir (e outra vez menino), visitou comovido aquele pedacinho do livro:

 – Em que é que você está pensando, Tistu?

 – Estou pensando que o mundo podia ser bem melhor do que é.

Notinha

Tal como o brincar, ler e ouvir histórias enriquecem a capacidade de pensar da criança. Os pais devem, portanto, proporcionar a presença dos (bons) livros no cotidiano das crianças.



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