Respeito à natureza

Certa ocasião, o pai resolveu levar os filhos para passear em recanto agradável da natureza. Sairiam bem cedo e passariam o dia às margens de um rio. Cheios de expectativa, os filhos mal conseguiram dormir àquela noite. Bernardo, de seis anos, o caçula, que faria um passeio assim pela primeira vez, demorou a pegar no sono imaginando como seria o local.

De madrugada pularam da cama ao chamado da mãe. Tomaram o café da manhã, pegaram as mochilas, a cesta de lanches, acomodaram-se no carro e saíram pela estrada. Algumas horas depois o pai parou o carro e disse: – Chegamos, pessoal! Os meninos gritaram cheios de animação, e desceram olhando em torno, maravilhados. A estrada passava por lindo bosque, com árvores enormes e flores que brotavam do solo. Cada um pegou sua mochila e seguiram por uma trilha no meio das árvores, ouvindo o barulho de água até chegarem à margem de calmo e bonito rio.

Colocaram as mochilas na grama e foram conhecer o lugar. Acharam uma mina, cuja água descia de um morro; beberam água e foram pescar. Bernardo, o caçula, que pela primeira vez participava de uma pescaria, chegou à margem do rio encantado ao ver os peixinhos que, curiosos, vinham vê-los. O menino debruçou-se, colocou a mão na água, admirado com os peixes que, sem medo, cheiravam sua mão, fazendo--o rir ao sentir cócegas.

Ao vê-lo brincando, o pai chamou-o:

– Bernardo, venha pescar!
– Eu não sei fazer isso, papai!
– Eu ensino, filho! Pegue sua vara. O garoto correu e trouxe a vara. O pai explicou:
– Isso! Agora, está vendo esse gancho aqui na ponta?
– Sim, papai.
– Cuidado para não se machucar! Então, pegue uma isca ali naquela vasilha e prenda-a no anzol da vara. Bernardo foi até a vasilha e viu muitas minhocas que se mexiam umas sobre as outras.
– Papai, mas elas estão vivas!...
– Sim, filho. Prenda uma no anzol – respondeu o pai, achando graça.

O garoto empalideceu e murmurou: – Não vou conseguir, papai.

O pai respirou fundo, diante da dificuldade do filho e ajudou-o, colocando a minhoca no anzol. Depois ordenou:

– Agora, sente-se aqui perto de mim e, segurando bem a vara, jogue a linha com o anzol no rio. Quando sentir um puxão, retire rapidamente a vara da água. Entendeu?

Bernardo entendera. Jogou a vara na água como viu o pai e os irmãos fazerem. Ficou parado por algum tempo vendo os peixinhos que se aproximavam, curiosos. De repente, ele sentiu um puxão na vara e lembrou-se do que o pai dissera. Levantou a vara e viu um peixinho preso, fazendo esforços para soltar-se. O menino começou a gritar:

– Papai! Papai! Ele ficou preso! Vai morrer se não o tirarmos logo daí!
A família toda caiu na risada ao ver a aflição do garoto.

O pai rindo, explicou: – Bernardo! Mas não foi para isso que viemos aqui, meu filho? Para pescar? Chorando e batendo os pés, aflito, o menino gritava:

– Mas eu não sabia que era assim, papai. O peixinho era meu amigo, e agora vai morrer por minha causa. Não quero! Não quero! Tire-o daí, papai!...Tire-o daí!...

A mãe abraçou o pequeno, que soluçava desesperado.
– Quero ir embora, mamãe. Não posso ficar mais aqui – dizia Bernardo, triste.

Como ele não parasse de chorar, ninguém mais teve ânimo para continuar pescando. Então, resolveram retornar para casa.

Na volta todos permaneceram calados. Ninguém tinha vontade de falar, refletindo sobre o que havia acontecido. Chegando a casa, Bernardo já não chorava, mas estava muito triste. Após tirarem as bagagens do carro, sentaram-se na sala, sem disposição para conversar. 

A mãe levou Bernardo até o quarto e colocou-o na cama. O pai e os irmãos, preocupados, foram atrás. O menino estava acordado, quieto.

A mãe perguntou como ele estava: – Triste, mamãe. Matei um amigo meu.

– Mas, meu filho, você não sabia que íamos pescar?
– Sabia. Mas não pensei que fosse para matar os peixinhos. Mamãe, eles foram feitos por Deus, como nós! Não podemos matá-los! Viu como eles estavam felizes nadando? Temos que respeitar os animais, os peixes, as plantas, tudo que foi criado por Deus!

O pai e os dois irmãos, que ouviam a conversa abaixaram as cabeças, sensibilizados. Entraram no quarto no momento em que a mãe, com os olhos úmidos, concordou:– Você tem razão, meu filho. Nunca mais faremos isso, está bem?

O pai, que ouvira a conversa, abraçou o pequeno:
– Nós também, Bernardo, compreendemos o que está sentindo e achamos que tem razão.

O garoto sorriu ao ver toda a família ali no seu quarto: – Obrigado. Papai do Céu vai ficar contente conosco.

A mãe e o pai o abraçaram com amor, pensando, que precisara esse episódio com Bernardo, para pensarem no respeito que deveriam ter para com toda a Natureza.


MEIMEI - (Texto recebido por Célia Xavier de Camargo, em 23/9/2013)



Comentário

0 Comentários