Saudades

“À tarde desse mesmo dia, o primeiro dia da semana, estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio deles lhes disse” A paz esteja convosco!” (João, 20:19)

Palavra que em português exprime intensamente o desejo da presença de quem se encontra ausente. Saudades! Quem nunca teve saudades de alguém amado?

Estamos em novembro. Maior se faz a lembrança, dada a comemoração de finados.

Quem ama lembra sempre.

O Espiritismo é uma dádiva que nos dá a certeza do reencontro um dia. Temos a fé de que reencontraremos aqueles a quem amamos, uma esperança, uma força interior.

Quem professa o conhecimento espírita que não teria belas histórias de encontro espiritual para contar?

Há poucos dias uma senhora assistida e seu companheiro, em nosso simples trabalho de socorro para os que têm fome material e espiritual, veio-nos contar que a mãe de seu companheiro já apareceu para ela e para os dois filhos dela. Cada um a viu em algum momento. Ela estava toda de branco e acenou um cumprimento, como um tchau, no entendimento deles.

O único que não a viu foi o companheiro dela, que é filho da mulher que estão vendo no quintal. Justo ele, que, diz a senhora, chama por essa mãe o tempo todo. O que significa isso? Eles desejavam saber.

Que difícil resposta! Aventamos a possibilidade de ele não a ver por estar muito emocionalmente afetado pela ausência dela.  A emoção pode comprometer a situação.  Pode não ser um médium, fator provável. O fato de ela estar de branco pode significar que esteja bem. Talvez o tchau que eles enxergam no aceno que ela dá possa significar que ela esteja se despedindo, que digam ao filho que ela precisa partir, que não a chame tanto.

Nessa hora não é fácil tentar responder, quando não se presenciou o fato e quando não há um médium de envergadura próximo, para uma melhor resposta.

A comunicação do mundo espiritual com o corporal é um fato e a mediunidade é o instrumento para tal. No caso citado os três viram o espírito, cada um em momento diferente, mas na mesma situação, acenando. Seriam os três médiuns videntes? Não sabemos. Há muito que analisar. Verificar se não ficaram impressionados demais, se não comentaram uns com os outros e também não se descartar uma possível mediunidade.

O nosso querido Hugo Gonçalves era um excelente contador de casos. O nosso amado paizinho de Cambé foi, além de fundador, o diretor anterior do nosso jornal “O Imortal!”. Outubro se comemora seu aniversário e o Centro Espírita Allan Kardec tem o mês espírita Hugo e Dulce Gonçalves, em homenagem ao casal amado de Cambé, diretores do Lar Infantil Marília Barbosa, que já partiram mas deixaram saudades. Amaram muito e continuam sendo muito amados, não esquecidos por quem os conheceu.

Um dos fatos que ele nos contou referiu-se ao espírita número 1 do Brasil, Cairbar Schutel. Em Matão, onde desenvolveu sua tarefa espírita que o projetou no Brasil e no mundo, Cairbar muitas vezes era chamado para investigar situações em que o povo via a influência dos espíritos. Um desses é bastante pitoresco.

Cairbar foi chamado para investigar possível fenômeno físico que estava acontecendo num sítio, nas proximidades de Matão. Foi até lá. A família moradora do local estava aflita. Havia ruídos súbitos, coisas eram arremessadas, objetos caíam das paredes, estavam amedrontados, sem certeza do que poderia ser. Haveria algum médium de efeitos físicos nas proximidades?

Ele foi lá averiguar. Procurou, procurou, não conseguiu achar nada. Estava tomando o cafezinho oferecido pela família e pensou: se for mesmo um espírito que esteja provocando essa celeuma, que jogue um pedaço de fezes de vaca aqui no meu café...

Acabou de pensar e voou ao lado da xícara um pedaço de fezes de vaca. Não caiu dentro da xícara. “Pelo menos foi educado”, disse Cairbar.

Houve um tempo em que os fenômenos mediúnicos eram acentuados, precisava-se chamar a atenção para a comunicação dos espíritos com o mundo material. Hoje isso diminuiu muito.  Pessoas de várias religiões não são tão refratárias à mediunidade, como no passado. Ela é muito mais bem aceita, principalmente após Chico Xavier com seu trabalho de renúncia e amor, consolando milhares de mães, pais, avós, filhos e amigos de tantos que partiram e lhes deram prova irrefutável de vida.

A vida continua além da morte e um dia nos reuniremos com os nossos queridos que já partiram.

Que bênção e que alegria! Reencontrar os que amamos!

Das páginas do livro “Oferenda”, psicografado por Divaldo Pereira Franco, vemos as palavras da mentora Joanna de Ângelis, que diz:

Não te rebeles ante as conjunturas da morte, que te separou, momentaneamente, do ser a quem amas. Não será definitiva tal circunstância.

Tem paciência e espera, preparando-te para o reencontro que logo mais se dará. Os teus afetos te aguardam esperançosos. Não os decepciones com a revolta ou o desespero injustificado.

Eles vivem, como também viverás. Anteciparam-te na viagem, mas não se apartaram realmente de ti. Não os vês, mas estão ao teu lado...

... Luariza a saudade, mediante a certeza de reencontrá-los.

Saudades teremos, mas haveremos de nos reencontrar um dia. Até lá, sejamos verdadeiros cristãos, para que se honrem por terem estado conosco e se alegrem ao verem os nossos atos, enquanto aqui na Terra.

Voltaremos a vê-los e que nos encontrem vitoriosos na verdadeira vida, que é a espiritual.

Pensemos neles com amor. Enviemos a eles nosso mais puro afeto. Tenhamos esperança. Alegremo-nos! A vida é imortal!



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