Ser livre! - Rogério Coelho

Nosso livre-arbítrio é intocável

“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.” - Jesus.  (Jo., 8:32.)

A mãe Terra já nos legou - no decorrer dos milênios - o exemplo de homens livres dos quais Jesus foi o modelo singular e incomparável.

Apesar das condições adversas de seus tempos, foram livres: Sócrates, Paulo de Tarso, Gandhi, Francisco Cândido Xavier...

Naturalmente temos o direito de ser como somos, mas jamais poderemos querer que alguém seja o que desejamos, vez que nós temos a nossa inalienável liberdade, nosso intocável livre-arbítrio.

Certa vez, Jesus convidou alguém dizendo[1]: “segue-Me!”. Mas, ignorando a preciosa oportunidade que lhe era oferecida, tergiversando, o homem, ripostou: “Senhor, deixa primeiro que eu enterre o meu pai”.

Os homens estamos sempre vacilando entre a luz do conhecimento e as trevas da ignorância; entre os alvitres da ascensão espiritual e as sugestões rasteiras e mesquinhas do “homem-velho” em detrimento do alcandorado convite do Meigo Pegureiro; e não raro, fazendo ouvidos moucos à Sua observação que dirigia ao jovem, mas na verdade, também é endereçada a todos nós: “deixa aos mortos o cuidado de enterrar os mortos; porém, vai e anuncia o Reino de Deus; ninguém que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o Reino de Deus”.

A humanidade tem querido ganhar o Reino dos Céus, porém, sem abrir mão ou deixar de garantir o reino terrestre. Sempre impõe uma condição; existe sempre a presença da conjunção adversativa “mas” ou um “espera, depois”.  As criaturas vacilam quando veem a necessidade de seguir a direção apontada por Jesus, que foi a mesma através da qual Ele seguiu rumo aos Arremansados Espirituais.  

Evidentemente a rota do aperfeiçoamento está inçada de cardos ferintes, abrolhos, pois áspero é o caminho que leva à “porta estreita” da referência evangélica.   A caminhada por tal senda exige renúncia, sacrifícios e geralmente não é isto que prefere quem ainda vaga agrilhoado aos atavismos primários, ao hedonismo, ao materialismo soez e aos interesses imediatistas... É difícil para determinadas criaturas abandonar o que veem, ou seja: o em que ainda se comprazem, pelo que não podem ver, pelo transcendente...  Tornaram-se prisioneiras de si mesmas e das circunstâncias...

Mas Jesus, solícito e atencioso, continua - incansavelmente - a convidar: “vem e segue-Me; vai e anuncia o Reino de Deus”.

Aprendamos com esses homens livres, prisioneiros do Cristo, que marcaram indelevelmente a História com o estigma de sua liberdade.

Há que se atender sem tergiversações ao Divino chamado, e a exemplo de Paulo, o Bandeirante da Boa-Nova, quando no luminoso episódio nas escaldantes areias do deserto sírio, às portas da cidade de Damasco, simples e humildemente perguntemos ao Mestre[2]: “Senhor, que queres que eu faça?”.

E sem olhar para trás, em regime de renúncia total, enfrentando toda sorte de vicissitudes, fiel até ao fim, impertérrito, seguiu o apóstolo o caminho apontado por Jesus.  

Será que, passados dois milênios, já estamos em condições de fazer o mesmo?   Ou ainda teremos que ouvir Jesus exclamar entre triste e pesaroso[3]:“até quando vos sofrerei?”.

 


[1] - Lucas, 10:59.

[2] - Atos, 22:10.

[3] - Mateus, 17:17.



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