A figueira secou, vovó?

O cheiro de café coado, todas as sextas-feiras à tarde, evolui pelas janelas, e ouço um que outro vizinho falar sob a minha janela.  Que cheiro gostoso, dá até vontade de um cafezinho.  E eu saio na janela e digo:  pode subir, vizinha, os netos já estão chegando e será uma alegria.

Marcamos no nosso calendário: deixar a sexta-feira para estar com os netos, preparar um bolo, uma torta salgada, tudo fácil feito no liquidificador, a pedido dos netos, que se sentem acolhidos pela vovó, com os braços abertos e a mesa posta.  Solzinho, meu cachorrinho, não cabe em si de contentamento. Ele ama Bianca e Nicolas, e com eles a festa pega fogo, isto é, fica acalorada.

Fico pensando nos 25 anos que estive fora, na Europa, e não pude oferecer uma casa-pouso, para meus netos. O maior, Talles de 30 anos, pôde ainda usufruir dos quitutes diários da vovó, pois morava comigo. Não foi fácil, mas, lembrando Jesus, que convidou o moço rico a segui-lo naquele momento, pois o amanhã seria “tarde”, eu também atendi ao chamado e por um quarto de século pude me dedicar intensamente à divulgação em novas paragens, à formação de grupos e a prestar auxílio à fundação de federativas espíritas em outros países. Isso só nos enriqueceu a alma.  A tarefa contínua não deixava vazio para saudades prolongadas.

Nesses contínuos encontros com netos, surgem muitas conversas. Uma delas foi sobre entender a parábola da figueira amaldiçoada por Jesus, a Figueira Seca. A criança, que é curiosa, precisa de respostas coerentes, sem fantasias, mas numa linguagem pedagógica, como fazia Jesus. Dei minha explicação para minha neta, mas reforcei que iria consultar o professor Severino Celestino, para que ele, estudioso das parábolas de Jesus, pudesse deixar uma explicação mais aprofundada. Ela ficou radiante e esperando a sequência.

Esse diálogo com Bianca me proporcionou a oportunidade de conversar com nosso querido amigo Severino, sobre a possibilidade de ele gravar lives numa sequência DECIFRANDO PARÁBOLAS.  Ele aceitou mais essa tarefa, adicionando datas em sua agenda já totalmente lotada de compromissos.

Penso que, como eu, outros avós dedicados nunca deixam seus netos sem respostas, especialmente em se tratando dos estudos referentes à psicologia de Jesus, que precisam ser alicerçados desde a tenra idade, para que os nossos amores, ao crescerem, levem nos seus corações a semente que vai germinando durante toda a existência e se consolida nas futuras reencarnações, neste trem de luz, que é a verdadeira vida.

De nossa parte, enquanto escritora de livros espíritas e espiritualistas para crianças e jovens, o fato nos acendeu os pensamentos em luz verde, para criarmos historinhas de Jesus conversando com as crianças, trazendo as parábolas para conhecimento de todos e que sejam coloridas, com desenhos, que despertem ainda mais na criança, as saudades de Jesus.

Ficamos aqui, na alegria do dever cumprido, enquanto avó, escritora e trabalhadora espírita, sem descanso, aprimorando cada dia o valor da educação, seja agora no Brasil, ou em terras de além-mar.
 

Elsa Rossi, depois de viver por 25 anos no Reino Unido, onde presidiu por 12 anos a federativa espírita britânica, reside na cidade de Curitiba, Paraná.



Comentário

0 Comentários