A inutilidade das expectativas

O mundo está cheio de pessoas úteis, mas vazio de quem lhes dê emprego. J. H. Pestalozzi

Nós, os pais, fazemos o que podemos. E isso, por sua vez, repercute na resposta dada em uma certa entrevista por Mario Quintana: “cada um pensa como pode”. Talvez, e exatamente por isso, precisamos buscar sempre nos informar e nos melhorar, querendo, em vez de heroísmo, sermos pais suficientemente bons…

Por considerar nossas ações referenciais importantes para os nossos filhos, especialmente quando eles ainda são pequenos – suscetíveis que são aos nossos exemplos e influências –, creio uma autêntica barbaridade homens e mulheres que afirmam para seus filhos que eles podem conseguir tudo a que se propuserem nesta vida.  Pensemos um pouco. Isso é realmente verdade? Ainda que muitos se fiem no controverso provérbio “querer é poder”, sabemos que nem todos os filhos são capazes de tudo ou têm talento para tudo. Muitas vezes, por mais dedicada que uma pessoa seja, ela não alcança o que deseja, por exemplo. Em palavras simples, temos que tomar cuidado com as mensagens que transmitimos aos nossos filhos, porque essas mensagens no geral estão permeadas por nossas expectativas sobre eles.

De que uma criança precisa? Amamos e apoiamos nossos filhos pelo simples fato de serem nossos filhos. E, em muitas situações, a prudência e a neutralidade são um caminho seguro para ajudar a criança ser quem ela é, sem o risco das expectativas inúteis e que só pesam no corpo e na alma dos pequenos e, mas pior, na trajetória dos adolescentes.

Quando somos pais, melhor esquecer os “futuros gloriosos”, procurando de um modo atento estar plenamente disponíveis para nossos filhos, assim como nos mostrar sensíveis às suas necessidades. Em um futuro, e de maneira autônoma, eles mesmos serão os protagonistas de suas histórias.

Notinha

Donald W. Winnicott nasceu em Plymouth, sudoeste da Inglaterra, em 1896. Ainda cedo foi para um internato, onde se aproximou da medicina até se diplomar em 1920, logo após servir na I Guerra. Nesse período iniciou-se como clínico pediatra no Paddington Green Children’s Hospital (onde ficaria por 40 anos). Tornou-se psicanalista da Sociedade Britânica de Psicanálise em 1935. Faleceu em 25 de janeiro de 1971. Ele utilizava o conceito de pais suficientemente bons para criticar a ideia de que os pais devam agir como super-heróis capazes de tudo e, ao mesmo tempo, para defender um desempenho moderadamente bom para satisfazer as necessidades de seus filhos.



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