Bênção do trabalho

Nestes dias em que tanto se fala sobre reforma da Previdência, vale a pena lembrarmos o valor do trabalho. O Espiritismo é a doutrina da caridade. Não há caridade sem amor ao próximo e sem trabalho. Sabemos que toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, que são as virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Caridade é amor ao próximo revelando-se no exercício incessante do bem.

“Meu Pai trabalha até hoje e eu trabalho também”, disse Jesus.

É preciso amar o trabalho. Apreciar o trabalho como uma bendita oportunidade evolutiva. Pensar no trabalho como uma bênção.

No capítulo III de O Livro dos Espíritos, na questão 676, os espíritos dizem que o trabalho imposto ao homem é uma consequência de sua existência corpórea. É uma expiação e ao mesmo tempo um meio de aperfeiçoar sua inteligência. Sem o trabalho, dizem eles, o homem permaneceria na infância intelectual; eis porque ele deve sua alimentação, sua segurança e seu bem-estar ao trabalho. Ao de físico franzino, Deus concedeu a inteligência para o compensar; mas há sempre o trabalho.

Na questão 683, Allan Kardec pergunta qual é o limite do trabalho. Os espíritos não dizem qual é essa idade. Respondem que o limite do trabalho é o limite das forças; não obstante, Deus dá liberdade ao homem.

Há aqueles que conseguem trabalhar muito e bem, até a extrema velhice, e amam isso. Há aqueles que antes de chegarem à idade madura já parecem cansados e sobrecarregados, no limite das forças. Pena que nas leis humanas não se possibilita averiguar as situações individualmente, há que se resolver de modo coletivo.

No caso da autoridade, na questão seguinte, 684, Kardec pergunta o que pensar dos que abusam da autoridade para impor aos seus inferiores um excesso de trabalho, e os espíritos respondem que é uma das piores ações. Todo homem que tem o poder de dirigir é responsável pelo excesso de trabalho que impõe aos seus inferiores, porque transgride a lei de Deus.

Parece inacreditável que em pleno alvorecer de uma nova era, de um mundo de regeneração, ainda aconteça isso, mas a mídia nos fala de trabalho escravo, para infelicidade dos que realizam essas ações, pois haverá um dia em que terão de reparar os erros que cometem.

Vemos a antecipação dos espíritos, com relação ao amparo aos velhos, no que hoje se chama previdência, pela lei dos homens, que necessita de um processo de aperfeiçoamento continuado, conforme as necessidades humanas.

Na questão 685, Kardec pergunta se o homem tem direito ao repouso na velhice. Os espíritos respondem que sim, pois este não está obrigado a nada senão na proporção de suas forças.

E na 685-a, Kardec pergunta o que fará o velho que precisa trabalhar para viver e não pode. Os espíritos respondem que o forte deve trabalhar para o fraco; na falta da família, a sociedade deve ampará-lo: é a lei da caridade.

Estamos progredindo. Um dia todos trabalharão pelo bem de todos.



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