Peripécias de um cãozinho

Amigos e amigas queridos, leitores do Jornal espírita de nosso coração, O IMORTAL.

Nestes 17 anos e alguns meses, escrevendo nossas crônicas para este nobre jornal espírita, sempre nos propusemos a escrever sobre algo relevante que nos tenha acontecido ou presenciado. Alguns dos leitores têm conhecimento que eu tenho um cãozinho pequenino, de estimação, um daschund cross, que significa linguicinha misturado, britânico, que trouxe comigo para o Brasil com quase dois anos. Posso dizer que é uma figurinha carimbada, como se expressam os meus filhos. Ele tem demonstrações de sentimentos que vão além do instinto do ser canino criado por Deus. Ele sabe pela arrumação do computador, do cenário para as lives, que estas vão durar mais de uma hora. Eu aviso o que vai acontecer e que preciso que ele fique quieto, em silêncio, na caminha dele. Muitas vezes, ele já puxa a caminha dele para o lado da minha cadeira e aí permanece durante toda a programação.

Há quatro dias, minha filha veio me visitar, ficar comigo por dez dias, e ele já se inteirou de que ela é alguém da família, demonstrando uma atenção única, que dedica a minha netinha Bianca, que o ama muito. São inseparáveis quando Bianca vem passar os fins de semana conosco. Outra manifestação do Solomon Rossi, “Sol” para os amigos leitores, é a percepção de quando estou para receber visitas de amigos, seja para estudarmos, seja para socializar. “Sol” sabe que não receberá atenção o tempo todo e, ao engajar-nos em nossa tarefa ou conversação, eu e amigos, ele traz, puxando-a com os dentes, a caminha dele até a sala onde estamos e ali permanece em silêncio o tempo todo. Uma graça.  Sei que você, que está lendo esta crônica, está localizando no álbum de sua memória vivência com algum animalzinho que teve comportamentos inesquecíveis.

Em minha memória, jamais esquecerei a Cherrie, uma fox-paulistinha branca com manchas pretas, do mesmo tamanho do “Sol”. Era a alegria de meus filhos adolescentes e depois já mais adultos. Quando meu esposo foi diagnosticado com câncer no cerebelo, e no decorrer dos meses em tratamento intensivo especial, Cherrie não mais saía do lado dele. Ficava o dia todo na cama ao lado de meu esposo, e saía uma única vez ao entardecer, para esvaziar a bexiga e fazer a sua necessidade no canto da grande lavanderia. Curioso o que aconteceu no dia da desencarnação de Luiz, meu anjo bom, meu esposo. O comportamento de Cherrie foi mais notável ainda. Ela não mais ficava aos pés da cama, e sim, ao lado do rosto de meu esposo, que já havia escrito com mãos trêmulas para nós, pela manhã, que partiria às 17 horas.  Assim, tive tempo de avisar os irmãos médicos, as irmãs, sobrinhos médicos, e estavam todos no aposento, quando meu esposo deu apenas um suspiro e partiu. Cinco minutos depois, Cherrie desceu da cama, foi comer, ter a vida normal dela, pois sabia que o espírito de Luiz já tinha ido para a pátria maior.

O que dizer disso?  Só mesmo quem vivencia esses acontecimentos pode entender. Este relato é a mais pura verdade. E que todos nós, seja onde for que estivermos, aqui ou em terras de além-mar, possamos notar esses seres em evolução e contribuir com os animais, quando em nosso reduto familiar, doando e recebendo amor dessas criaturinhas de Deus. 

Gratidão a todos.


Elsa Rossi, depois de viver por 25 anos no Reino Unido, onde presidiu por 12 anos a federativa espírita britânica, reside na cidade de Curitiba, Paraná.



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