Professor Fausto Alex

Professor, artista, poeta e cientista, Fausto Lex (1878-1950) é um dos personagens da história barretense de maior destaque no início do século XX. Viveu em Barretos aproximadamente entre os anos de 1907 a 1919, com sua esposa, a Profª Lúcia Garrido Lex, participando ativamente da vida cultural, social e política do município. Pelas fontes históricas, nota-se que era um apreciador das artes e das ciências; e foi exatamente neste ponto que tanto contribuiu para o desenvolvimento intelectual de Barretos.

Nascido em Amparo, Estado de São Paulo, no dia 18 de dezembro de 1878, Fausto Lex desencarnou em São Paulo, capital, no dia 11 de agosto de 1950.

Era filho do Dr. Mathias Lex e Dona Belisária Pinto Lex. Formou-se no Ginásio do Estado, na capital paulista, a 7 de janeiro de 1902. Permaneceu em São Paulo lecionando em alguns ginásios e trabalhando na Seção de História Natural do Museu Paulista. Aprendeu muito sobre nossos índios e a língua tupi.

Casou-se no dia 12 de janeiro de 1907 com Lúcia Garrido. Menos de um ano após o casamento, mudou-se para Barretos, boca de sertão, onde foi lecionar na única escola da cidade.

Após quatro anos, foi criado o 1º Grupo Escolar de Barretos, a primeira escola pública da cidade. Lecionou com sua esposa durante 8 anos, nomeado como professor do estado. Como professor, além da dedicação aos alunos, usava métodos didáticos eficientes, fazendo excursões aos arredores da cidade, durante as quais ensinava aos alunos noções de Botânica, Zoologia e Geologia. Promovia também festas temáticas, como a “Festa das Aves”, realizada no Teatro Aurora em 1913.

Fausto Lex dedicava-se também ao desenho, à pintura e aos esportes. Fundou, juntamente com outros intelectuais da cidade, o Grêmio Recreativo de Barretos. Artistas de renome internacional eram convidados a se apresentar nas reuniões do Grêmio.

Foi grande incentivador das artes, chegando a doar dois quadros de sua autoria ao Grêmio Literário e Recreativo, e frequentava exposições de arte na capital (como uma da modernista Anita Malfatti em 1918). Fomentou, ainda, a prática do basquetebol na cidade.       

Nessa ocasião, a imprensa paulista divulgou notas sobre as experiências quanto às turfas extraídas das jazidas descobertas pelo Prof. Fausto Lex na usina da empresa Orion, em Barretos, no ano de 1917. Sua dedicação aos estudos dos recursos naturais misturava-se à veia poética, tanto que Ruy Menezes eternizou, em seu “Espiral”, a poesia “No Maribondo”, de Fausto Lex, sobre a preciosa cachoeira do Marimbondo.

Em 1920 foi convidado para dirigir o Grupo Escolar de Tatuí. A seguir, foi Delegado Regional do Ensino em Araraquara e São Carlos. Em 1922, publicou “A Pesca”- obra pioneira no gênero e apreciadíssima pelos pescadores. Em 1925, foi nomeado diretor da Escola Normal. Em março de 1932, transferiu-se para Piracicaba, onde se aposentou como Diretor da Escola Normal, em 1937.

Em todas as escolas por onde passou, sua presença foi marcante, como educador emérito, que se dedicava integralmente a seus afazeres, com entusiasmo inusitado. Enérgico, mas amigo dos alunos, fazia-se estimar por todos.

Fausto Lex não ficou inativo após aposentar-se. Dedicava-se às letras, escrevendo para os jornais artigos sobre educação, língua tupi e astronomia. Proferiu conferências sobre astronomia no Clube de Engenharia, revendo conceitos errôneos dos livros didáticos da época. Publicou inúmeras poesias de sua autoria e pintou vários quadros a óleo.

Foi nessa época que começou a dedicar-se mais a fundo ao Espiritismo. Até então, vinha argumentando e convencendo individualmente inúmeros educadores, tendo convertido ao Espiritismo numerosos professores das Escolas pelas quais passou.

Após a aposentadoria, começou a frequentar a União Federativa Espírita Paulista em São Paulo, vindo a pertencer à diretoria da antiga Rádio Piratininga, onde procedia à análise e correção de todas as conferências a serem irradiadas. Era muito chegado ao Prof. Pedro de Camargo (Vinícius), convivendo com ele estreitamente. Ambos sempre sonharam com uma obra educacional espírita na capital e envidaram esforços nesse sentido. Em 1949, criado o Instituto Espírita de Educação, do qual Vinícius se tornou Presidente, Fausto Lex passou a fazer parte do Conselho.

Foi, também, membro do Conselho Deliberativo da Federação Espírita do Estado de São Paulo durante vários anos.

Colaborou nas revistas “O Revelador”, “O Semeador” e em outros órgãos da imprensa espírita. Embora fosse ótimo professor, não tinha o dom da oratória e jamais fez conferências espíritas.

DR. ARY LEX

Filho de Fausto Lex e Lúcia Garrido Lex, o dr. Ary Lex casou-se com Acácia Munhoz Lex e teve três filhos: Sérgio, Lineu e Roberto. Nas lides doutrinárias desempenhou muitas funções importantes: conselheiro da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP) de 1942 até sua desencarnação, conselheiro da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE) desde 1947, ex-presidente do Instituto Espírita de Educação (IEE) e da Associação Médico-Espírita de São Paulo (AMESP). Profissionalmente Ary Lex formou-se em medicina e aposentou-se como diretor executivo do Hospital das Clínicas e Assistente de sua Clínica Cirúrgica.

Foi professor titular de Biologia Educacional e Biologia I da Universidade Mackenzie por 15 anos. Nessas áreas escreveu Biologia Educacional (com 20 edições) e Hérnias, adotado em faculdades de medicina de todo o país.

Como orador e escritor espírita, sempre defendia os princípios doutrinários.

Escreveu muitos artigos na imprensa espírita e publicou as seguintes obras: Pureza Doutrinária, Do sistema nervoso à mediunidade, 60 anos de Espiritismo no Estado de São Paulo, tendo ainda participado em vários boletins da AMESP.

Dr. Ary Lex faleceu com 85 anos, a 29 de junho de 2001, vítima de câncer fulminante, após mais de sessenta anos de serviços prestados ao Espiritismo.



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